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A avoínha gardava segredos que nunca se atreveu a dizer. Por nom avergonhar. Viviu tempos nos que a sua orige, os seus costumes e a sua língua nom existiam. A carom dos seus irmãos e irmãs indígenas loitou por esses direitos. Fronte aos fazendeiros e fronte à ditadura, mas nada lográrom.
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Trocou pois de identidade, deixou a sua "pollera" e outras prendas tradicionais, cortou as suas trenças negras e disfraçou-se de de normalidade. Aprendeu a cozinhar pasta e arroz e traduzia os seus pensamentos quechuas em palavras castelhanas. Nada sabiam as suas netas da história da avoa. Porém, fôrom elas, que estudam quechua na universidade, as que a entendérom, quando hai cinco dias -froito da demência senil, dixo o doutor- ergueu-se à hora do jantar, e berrou "munay ttantta", "munay ttantta". Queremos pão! Queremos pão! Todos à casa do amo!
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Texto de Gustavo Doch Guillot publicado originalmente em Galicia Hoxe o 29.06-2008
1 comentário:
A min conseguen emocionarme estas historias (e hai xente que non me entende) pero paréceme terrible privar ós pobos da súa lingua. Comigo non han poder oh!!!
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