terça-feira, 27 de novembro de 2007

Pie in the sky: Música, Religiom e Política

Este é um escrito sobre frikerio musical... no que ti tamém podes colaborar



Fai uns meses meu pai amosou-me como curiosidade a cançom "The preacher and the slave", escrita por Joe Hill em 1911 e incluída no Little Red Songbook da IWW (Industrial Workers of the World). A IWW é umha antiga associaçom de trabalhadores, hoje vida bastante a menos, pero moi importante fai um século, quando eram moi activos nos USA, cumha linha moi reivindicativa. Um dos brancos das suas críticas era a organizaçom religiosa conhecida como Exército de Salvaçom (Salvation Army), cujos cánticos parodiavam. "The preacher and the slave" ataca as promesas de outra vida melhor no ceo, na que os trabalhadores poderiam por fim, segundo o Exército de Salvaçom, comer "pie" (empanada ou pastel), mentres que nesta vida tinham que conformar-se com trabalhar, rezar, e comer erva. A letra é genial (note-se a alusom ao Salvation Army como Starvation Army ou "exército da fame"):


Long-haired preachers come out every night,
Try to tell you what's wrong and what's right;
But when asked how 'bout something to eat
They will answer in voices so sweet

You will eat, bye and bye,
In that glorious land above the sky;
Work and pray, live on hay,
You'll get pie in the sky when you die

And the Starvation Army they play,
And they sing and they clap and they pray,
Till they get all your coin on the drum,
Then they tell you when you're on the bum

Holy Rollers and Jumpers come out
And they holler, they jump and they shout
Give your money to Jesus, they say,
He will cure all diseases today

If you fight hard for children and wife-
Try to get something good in this life-
You're a sinner and bad man, they tell,
When you die you will sure go to hell.

Workingmen of all countries, unite
Side by side we for freedom will fight
When the world and its wealth we have gained
To the grafters we'll sing this refrain

You will eat, bye and bye,
When you've learned how to cook and how to fry;
Chop some wood, 'twill do you good
Then you'll eat in the sweet bye and bye

Musicalmente a cançom nom está mal, e pode atopar-se em multitude de versiões. Por exemplo, a deste fulano:

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Bem, pois pouco despois de conhecer esse clássico, estava eu escoitando umha das minhas canções favoritas dos Dropkick Murphys, "Worker's Song" -um nº 1 nas listas punkarras de Arbolícia-, quando ao chegar o estribilho dei-me de conta que umha frase que nunca entendera di precisamente... "pie in the sky"! Vede vós mesmos:

Yeh, this one's for the workers who toil night and day By hand and by brain to earn your pay Who for centuries long past for no more than your bread Have bled for your countries and counted your dead
In the factories and mills, in the shipyards and mines We've often been told to keep up with the times For our skills are not needed, they've streamlined the job And with sliderule and stopwatch our pride they have robbed
CHORUS: We're the first ones to starve, we're the first ones to die The first ones in line for that pie-in-the-sky And we're always the last when the cream is shared out For the worker is working when the fat cat's about
And when the sky darkens and the prospect is war Who's given a gun and then pushed to the fore And expected to die for the land of our birth Though we've never owned one lousy handful of earth?
CHORUS (x3)
All of these things the worker has done From tilling the fields to carrying the gun We've been yoked to the plough since time first began And always expected to carry the can.

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Nom queda aí a cousa. Hai outra cançom, um autêntico clássico ademais, que todos teredes escoitado algumha vez (espero) e que já desde o começo fai referência ao "pie in the sky". Dei-me de conta mentres a escoitava por enésima vez, indo num trêm de Udine a Venezia o passado setembro. Trata-se de "The harder they come" de Jimmy Cliff, um dos melhores temas saídos de Jamaica -e por suposto nº 1 de reggae durante várias semanas em Arbolícia-, e di assi:
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Well they tell me of a pie up in the sky Waiting for me when I die But between the day you're born and when you die They never seem to hear even your cry

CHORUS:So as sure as the sun will shine I'm gonna get my share now of what's mine And then the harder they come the harder they'll fall, one and all Ooh the harder they come the harder they'll fall, one and all

Well the officers are trying to keep me down Trying to drive me underground And they think that they have got the battle won I say forgive them Lord, they know not what they've done

CHORUS

And I keep on fighting for the things I want Though I know that when you're dead you can't But I'd rather be a free man in my grave Than living as a puppet or a slave

CHORUS

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A cousa nom acaba tampouco aqui: hai várias canções que levam por título "Pie in the sky", de gente tam diversa como a E.L.O. ou Frank Black, entre outros. Pero nom atopei nengumha mais onde essa referência tenha esse carácter reivindicativo, fiel à original, que si tenhem as que ponho aqui. Assi que quedades invitados a informar de qualquer outro achádego nesse aspecto.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Os Ancares II: volta a Búrbia

A derradeira fim de semana de outubro do 2007 voltamos a Búrbia. E por fim demos finalizado a ascensiom aos Lagos... e valeu moito a pena!



A primeira tarde descubrimos um recuncho no que o rio vai encaixonado entre as rochas, e onde se podem atopar poças



O segundo dia saímos cedo pola manhá e começamos a ascensiom aos Lagos, entre o Cuinha, o Mustalhar e outro cume de pintoresco nome que nom dou lembrado.
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Nom tardamos em completar o primeiro tramo e puidemos contemplar a primeira panorámica. O povo já nem se albiscava.
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Polo caminho atopamos as nossas amigas amanitas
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O rio baixava por entre umha mesta fraga, pero pouco mais arriba as árvores começariam a escasear...
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Superamos o refúgio e continuamos subindo, chegando mais arriba do que nunca antes o fizeramos
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Polo caminho atopamos companheiros saltarins...
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E conseguimos ver os lagos!
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A auga estava fresquinha e nom invitava a banhar-se...

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... pero a panorámica final mereceu a pena

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Castañazo Rock: o Revival Bravú!

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Nom sei a quem se lhe ocurriu a idea de fazer um revival do bravú, pero hai que felicitá-lo. Porque a idea nom era trivial: nom havia nengumha efeméride óbvia, se acaso os... 16 (?¡) anos do primeiro disco d'os Diplomáticos. E, porém, como dizia o lema da revista Bravú (4 números só), a situaçom requeria-o. Requeria-o porque foi a época da nossa adolescência, medramos com esta música e estes valores, escoitando histórias de gente à que lhe fervia o peito, histórias de karnotxos e de nakras, de curas pinantes e galos vermelhos, de Xans que se penduravam de carvalhos e de travestis que gastavam os quartos na subhasta das fanecas. Assi que já nos tardava revivir esses tempos, e ali, em Chantada, na noite do 3 de novembro do 2007, nos juntamos Antom, Carlos, Pablo e mais eu. Umha boa tropa da tralha!
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Chegamos, como nom podia ser menos, tarde, e tras pagar uns módicos 2 €, entramos no mercado gandeiro, onde, como nom, comprovamos que os concertos levavam aínda mais retraso que nós. Assi que aproveitamos para cear: vinho, polvo, bocatas e carne ao caldeiro. Nos bancos atopamos família de Pablo: Ana, que nom se perde umha, e Xan Papaqueixo -que nom o podia perder porque tinha que tocar. Tamém atopariamos mais tarde a outra que nom podia faltar: Miriam, a quem a festa lhe quedava, por umha vez, mais ou menos perto da casa.



Mentres ceavamos começarom a tocar Zënzar, a já veterana banda de Cerceda. Aínda que vivírom a época do bravú nom chegárom a ser incluídos nesse saco, simplemente estavam por ali... fazendo o de sempre, o que mais lhes gusta: rock a saco e sem mais concesiões que as necesárias para desfrutar tocando. A verdade é que esse era o espírito musical bravú: tocar o que che apetece (basicamente rock) sem pretender ires de cool. Nom se farám ricos, pero é provável que morram dando-lhe às guitarras. Entranháveis.
Carlos Blanco fazia de mestre de ceremónias e introduzia os que fôrom, para mim, os grandes trunfadores da noite: Os Tres Trebóns do Rosal, capitaneados por Xurxo Souto e transformados, nesta ocasiom mais que nunca, num all-star bravú. Interpretárom à perfeiçom o que havia que fazer numha ocasiom como esta -homenagear- e acabárom cumha dúzia de músicos no escenário, entre eles gente d'os Papaqueixos e os Diplomáticos. Pero nom nos precipitemos: dizia que revisitárom vários temas dos de Monte-Alto, como "Berbés", pletórico, ou "Estrume" -que Xan nos devia: quase 10 anos atrás, na Festa Folk no rio Dez, passamos todo o concerto d'os Papaqueixos reclamando que a tocaram... só porque el a tocava no disco dos Diplomáticos-. Meicende cheira, Pontevedra apetrena! O momento cúmio foi quando empalmárom "Como o vento", de Radio Océano ("erguemo-nos em silêncio quando nos chama o mar..."), "Tecnotraficante" dos Papaqueixos ("Sito Miñanco preso político!", fazia tempo que nom bailava ska pogueando desse jeito), e "Licor café" de Lamatumbá. Por orde cronológica, agora qeu caio; outro simbolismo mais.
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Tras semelhante exhibiçom, Cuchufellos tinha-no difícil para manter o nivel. E claro, nom o conseguírom. Quizais, se polo menos nom tardaram mais de média hora em ponher-se a tocar, poderiam ter mantido o ambiente. Pero, polo que a nós respecta, enfriárom abondo a festa -que a essas horas da noite já começava a estar fria de por si, metereologicamente falando. Claro que jogava na sua contra o feito de que nom os conhecia de nada, e conste que nom deixárom mal sabor de boca. Haverá que ve-los noutra ocasiom.

Menos mal que despois vinham uns grandes, provavelmente o mais agardado da noite: o retorno d'os Rastreros. Para os que nom os vimos no seu dia era um concerto especial. E abofé que nom defraudárom. Nom sei se era por jogar na casa ou que, pero saírom super-enchufados e derrochando r'n'r (facciom punkarra) por todos lados. Cançom tras cançom iam subindo o pistom, e de súpeto decatavas-te de que... aínda nom caera nengum hit! Isto si que é ter um repertório amplo. I é que aquel CD que sacaram foi um dos melhores discos da sua época na GZ... e aínda nom esquecérom como defende-lo ao vivo! "Pandeirada salvaxe", "Johnny caraperro", "Rozando nos toxos", "O sacristán de Basán", e como nom, os dous hinos "Vida de Xan" e a moi actual "The Jet(a) Set", co seu retrouso "1000 obreros muertos, a ellos les da igual, la reina se masturba y el rey habla de paz!", que desta vez nom (auto)censurárom como si fizeram no disco.
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Como a cousa ia de umha de cal e outra de area, tocava baixar o pistom; e isso é o que fizérom Ruxe Ruxe. Nom tenho nada persoal em contra deste grupo, nom me caem mal nem nada, e lembro com agrado o seu concerto alá no Grelo Folk de Monfero, onde já lhes tocara a papeleta de sair despois duns Papaqueixos que rebentaram a noite. Mais, nom sei por que, nom me acabam de convencer. Assi que mentres tocavam aproveitamos para suxeitar um pouco a barra -por se acaso caia- e baixar uns poucos litros -nom nos fossemos deshidratar.
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E seriam já as 5 quando por fim saírom Motor Perkins. Tinha ganas de ve-los desde que oíra um par de canções suas na rádio. Soam como os Pogues circa 1984-85; e isso, sei-no, é moito dizer. Pero é que estes paisanos do Deça som quem de montar moita festa e de soliviantar os ánimos ao mais puro estilo festeiro-republicano-irlandês. Merquei a sua maketa e agora nom a dou sacado do reproductor do coche, se tedes a ocasiom de atopa-la, aseguro-vos que som 3 € moi bem gastados. Por certo, tenhem canções própias, e tam boas como as versões. Do concerto em si, aparte das boas sensações, nom lembro mais que algumha image e... pouco mais. É-che o malo de tocar a essas horas. Em qualquer caso, rosas vermelhas para eles, e que o vento os leve prá onde correm regatos de whiskey.
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E quando rematárom retiramo-nos, co corpo derrotado pero o espírito cheo, a tentar durmir um par de horas no coche. Fora umha boa noite, umha para lembrar. Desde logo, o concerto de meses em Arbolícia.