domingo, 15 de junho de 2008

Man Man, o concerto do (que vai de) ano

A noite seguinte a Baby Dee tocava voltar ao Vera para um concerto agardado desde vários meses atrás. Em concreto desde que Moi descubriu um combo de Philadelphia posuidor dum direto -polo que se podia intuir em YouTube- formidável: os Man Man.

O chiste era doado de mais para deixá-lo passar...


(Precisamente por serem umha descoberta do Moi pareceu apropiado devolver-lhe o favor e combinar com Kunny para mercar-lhe um par de posters da sua autoria: o deste mesmo concerto e outro de Okkervil River. Curioso, por certo, o que tenhem montado no Vera com o tema posters, é umha autêntica comuna artística! Mas nom nos desviemos do tema, engadamos simplemente que Kunny, ao contrário do que agardavamos com a nossa mentalidade machista, é umha tia, e vaiamos ao que importa, a música).
.
Claro que temos um problema: como descrever um concerto de Man Man? Difícil tarefa... empreguemos o mesmo método que seguem eles, e a ver que passa.
.

De entrada já todo atípico. Bateria fronte a teclado de esguelho ao público em primeiro plano. Escenário ateigado apenas sítio para os músicos.

Enseguida a loucura absoluta saltos acompasados (teclista/baterista p.ex.) pinturas de guerra todos vestidos de branco

Culheres plumas botando auga num bol para fazer ruído, perdom arte


Agitando chaves no ar com todo o público imitando

Asombrosos brutais geniais fam honor ao seu nome e tocam como homes nom como niñatos

Mais de 50 anos de r’n’r e aínda hai quem teima em levá-lo a outro nível

Trompetinhas para nenos joguetes potas


Leva razom Alberto, estes estám posuídos e daria-lhes igual o rock que a caça do javarim, pero nom me gustaria ser javarim nesse caso.

Arrebatos Faith No More disfrazes circo berrando aqui hai espectáculo pero é cousa séria ou todo brincadeira? puro rock impuro

Como um Tom Waits com 60 anos menos sabendo o mesmo que agora

Baqueteando o ombreiro dum espectador guindando-se serpes de plástico entre eles sempre dando chimpos
.

Paixom e anarquia para menos de cem persoas e por 7 €.

Man Man, por dizi-lo em 2 palavras: bu-ah! Se tocam perto da tua cidade, vai-nos ver; nom importa o preço da entrada: é barata. O concerto do ano, polo de agora.

E que estes tios com 3 discos às costas (o primeiro no 2004) nos passaram despercibidos… claro que é certo que os seus discos nom oferecem nem a metade do que dam ao vivo, pero aínda assi. Enfim, o mundo adoita ser mais rico do que esperamos. Afortunadamente.
.

P.S. Ao rematar comprei o seu primeiro disco e umha bolsa com o seu logo, felicitei ao cantante e saquei-me umha foto com el... em ocasiões assi hai que cumprir com todo o ritual!
.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Baby Dee,bom e breve

Íntimo e breve, assi foi o concerto de Baby Dee. Apenas 50 persoas entre o público e 2 no escenário, a própia Dee e um violinista (bom, nom era um violino, era este instrumento que é parecido, algo mais grande pero sem chegar a contrabaixo... viola quiçais?).

Já desde a entrada, o mais anti-star que se poida imaginar (de vagar, coxeando, apoiada num caxato) ficou claro que o direto de Baby Dee é algo especial. Foi sentar ao piano e começar a cantar e a tocar, e a impressom confirmou-se. É umha artista à que os discos nom lhe fam justiça, hai que ve-la ao vivo. Ver como interpreta (porque é algo mais que cantar), percibir as variações da sua voz, os gestos, as caras. Ou os seus comentários, como aquel no que contou a sua forma de romper o gelo quando entra num bar desconhecido: "A quem lha tenho que chupar para que me invite a umha copa?". Hai que dizer que era apenas umha brincadeira para pedir umha copa de whiskey com gelo, que enseguida lhe trouxérom.
.

Só numha ocasiom abandonou o piano para dirigir-se, lenta e trabalhosamente, à harpa. Sentou-se a carom nela, tirou as botas (o que lhe deu pé a avergonhar-se publicamente de ter buratos nas médias) e interpretou umha única cançom, tras a qual veu umha fatigosa volta ao piano. Costa-lhe caminhar, isso está claro, e polo visto tamém sentar-se à harpa, pois nom quixo tocar mais canções com ela devido a que lhe doíam as costas.

E assi foi regalando-nos os temas do seu último disco, Safe inside the day (gustou-me especialmente o primeiro), para acabar com um único bis. Duraçom total: apenas umha hora. O dito, o bom, se breve, duas vezes bom, e por isso esta crónica remata aqui ;-)
.
(Nom sei se noutra ocasiom, quiçais estando em melhor forma, fará um concerto mais longo. Em qualquer caso, se és dos que che parece que em disco está bem, mas nom é para tanto, recomendo que lhe deas a oportunidade de ve-la ao vivo. É outra cousa)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Evangelicals querem ser the next big thing...


... e mesmo pode que o consigam!


29 de maio de 2008, umha desconhecida banda americana recala no Vera. Nom é umha data que tenha marcada no calendário, mas visito o seu MySpace por curiosidade e as vibrações som boas. Dado que o concerto só vale 5 euros, decido dar-lhes umha oportunidade. Nom som o único, pero quase: apenas 40 persoas acudimos ali. E nom saímos decepcionados.

Os Evangelicals som de Norman, Oklahoma, como os Flaming Lips, pero tenhem idade para ser os seus filhos. Ambas cousas -a procedência e a idade- ficam patentes vendo-os ao vivo. A semelhança com os Lips é bastante clara, se bem nom é a maior influência: outros grupos como Animal Collective, sobretodo, e puntualmente a épica duns Arcade Fire, deixárom tanta ou mais pegada nestes rapazes. Porque isso é o que som, apenas uns rapazinhos -quase diria "niñatos"- jogando a ter umha banda e fazendo méritos para saír nas portadas das revistas guapas. Algo que queda claro ao ver a sua atitude no concerto: moita pose e olhadas ao fotógrafo para que os saque bem. Pero, olho! Isto nom é necesariamente malo, nem moito menos. Bem-vidas sejam as bandas com ambiçom e ganas de comer-se o mundo... especialmente se tenhem boas razões para elo.

E Evangelicals tenhem essas boas razões: tenhem o som apropiado, boas canções, atitude e juventude. Um cantante com vocaçom de estrela (e bastante pluma), que nom deixa que decaia a cousa em nengum momento, e detalhes curiosos como as fotos de tias ligeiras de roupa que adornam a bateria e o teclado -ao mais puro estilo talher mecánico, mágoa que as fotos saiam movidas e nom se distinga. Umha curiosidade: dá-me a sensaçom de que estes escoitárom muito heavy. Ou isso parece se nos fiamos de certos arrebatos que lhes dam em direto, ou nas pintas do teclista.


Os arrebatos metaleiros quedam bem ao vivo, mas no disco nom hai nem rastro deles. Refiro-me ao CD "The Evening Descends", umha pequena marabilha (merquei-no no mesmo concerto, ademais dum poster... que nom me regalárom... ratas) que pode ser um dos discos do 2008. Só hai que escoitar jóias como "Skeleton Man", "Midnight Vignette", "Party Crashin'", etc. Tenhem um anterior, "So Gone" (2006), que nom escoitei, pero que tenho entendido nom chega ao nível de "The Evening Descends".

Enfim, avisados quedades: Evangelicals MOLAM. Aproveitade para ve-los ou escoitá-los agora, e quando sejam famosos poderedes presumir disso.