segunda-feira, 23 de novembro de 2009

À procura do cogumelo polas Terras do Bolo


A única bisbarra galega que me faltava por percorrer, as terras altas do Bolo. Alá fomos por fim este novembro, com a escusa de ir colher cogumelos na parróquia de Xares, subindo cara Pena Trevinca. Passamos as noites na vizinha Valdim, numa casa encantadora chamada Eido das Estrelas. Haverá que voltar.

Perto da Veiga

Pola rota das lagoas...

... subindo desde Xares cara às serras Calva e Segundeira

Psilocibes

Ao pouco de sair de Xares

Uma amanita

Mais jogos de luzes polo caminho

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Em Monfero de rachis: o Papagrelo!!



Sessão vermú...

Os concertos começavam às 22:00, mas nós chegamos ao mosteiro de Monfero um pouco cedo... umas 8 horas! Justo a tempo para o primeiro acto, uma comida para os músicos, organizadores e amiguetes... a qual, amenizada polas provas de som dos grupos, virou uma sessão vermú em toda regla. Ali nos juntamos umas 60 persoas, o ambiente era inmelhorável, e a minha camiseta original da I Festa folk no rio Dez (curiosamente, a única que alvisquei em toda a jornada!) causava sensação. Entre canha e vermú, aproveitei para que os integrantes dos Papaqueixos me assinassem a portada d'a "Lóxica aplastante...", dende já uma relíquia de valor incalculável (não escoito ofertas). O menú: caldo (a cargo de Pablo), churrasco e um requeijo fantástico... o próprio para ir colhendo forças para a que se nos vinha em cima: acompanhar à "Charanga dos veraneantes" (composta por todo aquel que tivesse um instrumento - ou similar - e vontade de tocá-lo) na rota polas tabernas.



Pila da lenha

Era algo digno de ver, como em questão de minutos uma tasca onde igual não havia mais que um par de persoas botando a partida se convertia em algo parecido ao carnaval de Rio (ou melhor, de Hio). A primeira parada foi a Pila da Lenha, despois subimos ao Alto Gestoso, baixamos ao Xiao (onde se nos uniu boa parte da família González / Jove), e recuncamos em dous bares de Rebordelo. Total, que quando voltamos ao mosteiro já eram quase as 10 da noite e estávamos agardando impacientes o começo dos concertos.


Alto Gestoso

Aquilo havia ser uma sucessão de músicos do mais promíscua, já que em todos os grupos havia músicos comuns. Após a apresentação de Isabel Risco começárom Banda Potemkin, que não são dos meus favoritos precisamente (não lhe acabo de pilhar o ponto ao seu estilo festivo, passa-me um pouco como com o Jarbanzo Negro). Apesar de que quando metérom canha não estivérom nada mal, foi o momento de cear e descansar: a tarde fora dura e a noite prometia outro tanto.


Banda Potemkin, com o mosteiro ao fondo

Seguírom os Tres Trebons e o Vendaval do Rosal, como sempre um autêntico all-star do que algum dia se deu em chamar bravú. Escoltados polos Homes sem Medo, dérom toda uma lição de poderio, com hinos como "Estrume", "Como o vento" ou "Berbés" que... eu que sei por que... mas cada vez soam melhor. Xurxo Souto - quem não quixo perder o evento mália estar a piques de ser pai -, não se esqueceu de agradecer aos membros de Abordelo que argalharam a festa, mesmo fazendo subir ao escenário a Ana.



Trebons!

Nessa altura já se nos unira Miguel Ángel, quem não puidera vir pola tarde. Justo a tempo para o principal, a razão última de todo este tinglado: a atuação dos únicos, inimitáveis, quase-defuntos... Papaqueixos!! A viagem temporal principiou com o "Sonho 77/1", e incluiu a meirande parte dos temas que forjaram a sua lenda: "Mai löb is güeitin' faregüei", "Matías o morcego", "O paraugas do José", ou, como não, "Teknotrafikante" - essa canção que é à música galega desta década o que "Galicia Caníbal" foi nos '80 (ai! se a tiveram sacado como single... e pensar que estivérom a piques de deixá-la fora do album!). A maquinária soava tão engraxada como de costume (ou mais!), e a tolémia propagava-se polas primeiras filas. Transformados em partículas elementais, rebotávamos uns com os outros sem ordem aparente, agitados tão só por essa mistura folk-ska-funk, muitas vezes admirada mas nunca igualada. O melhor, sem dúvida, foi escoitar de novo essas canções que, apesar de ser clássicos do seu repertório, não chegárom a ser incluídas no disco: falo dessa versão de "A desaramiar" (A desalambrar) ou, sobre todo, de "Mascalzone" - ou como se titule: esse irresistível ataque retranqueiro à traição socialdemocrata ("e somos amigos de Willy Brandt"...), outro mega-hit em potência. Como todas as cousas boas, o show durou bem pouco (ou isso nos pareceu, claro!), e ramatou com "Matías o morcego" por segunda vez.



Mamma mia, quanta illuminazione!!

A ingrata labor de tocar despois destes fenómenos foi para os Cuchufellos. Não vou mentir, pouco caso lhes fixem, ainda que pouco a pouco (esta era a já a 3ª vez que os via) vão-me gustando mais. Nós, abondo tinhamos com reponher líquidos! E ainda quedavam os Ulträqäns, a banda desse atleta chamado Antom Papaqueixo: como pode uma persoa estar tocando durante 12 ou 14 horas quase sem parar? Enfim, nós tinhamos menos aguante ca el, e um caminho mais longo para voltar a casa, assi que decidimos sair de caminho sem agardar a escoitá-los. Mas consta-me que o fixérom bem, e que despois a festa ainda se prolongou praticamente até a chegada do dia.

E assi rematou este Papagrelo que colmou, e desbordou, absolutamente todas as expectativas. Não só subjectivas: na barra esgotárom as cervejas, a organização vendeu todas as rifas e camisetas, e a opinião generalizada era que, se bem houvo que agardar 10 anos... pagou bem a pena! Assi que, já sabedes: no 2019, se hai sorte, teremos a seguinte entrega. Eu, por se acaso, já vou marcando a cita no calendário.
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