Joanna Newsom, figura sobranceira da música indie na última década, foi o prato forte da novena edição do Festival Sinsal. Cumpre agradecer aos organizadores a escolha não só da artista, senão também do cenário - o teatro NovaCaixaGalicia - e a esquisita pontualidade com que se desenvolveu o concerto. Sem dúvida um exemplo a seguir.
A cantautora californiana vinha acompanhada de uma banda que incluía entre outros o baterista Neal Morgan (a quem já víramos tocando com Bill Callahan, e a quem reconhecemos polo seu costume de tocar descalço) ou o guitarrista Ryan Francesconi. Este foi também o teloneiro, papel no que se limitou a tocar a guitarra durante meia hora com gesto impassível... sem rastro de electrónica ou música balcânica, como prometiam na web de Sinsal. Tanto tinha, não era a el a quem vínhamos ver; e ademais durante o concerto principal deu em várias ocasiões o toque de qualidade. Engadir, por último, que a banda se completava com um trombonista e duas violinistas. E até aqui os prolegômenos...
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Tanto acompanhamento era necessário para reproduzir em condições o último e aclamado disco de Joanna, o triple LP "Have One On Me" (2010). Como era previsível, no concerto predominárom as canções incluídas nel, tal como a que lhe dá título ou "Good Intentions Paving Co.", ambas esplendidamente interpretadas. Tanta instrumentação, porém, sobrava à hora de acompanhar os temas do seu disco de debut, o "Milk-eyed mender" de 2004. Assim, a encantadora "Inflammatory Writ" (uma favorita persoal) não ganhou -ao meu modo de ver - ao perder a sua desnudez original. Mas é certo que noutros casos si que funcionou, e "Peach, Plum, Pear" brilhou com as novas sonoridades. Infelizmente, não visitou muito o devandito debut, o qual, por certo, é para mim o melhor que tem feito. Não comparto a opinião de que os seus posteriores esforços (muito mais "ambiciosos" formalmente) o superam.
A artista mostrava-se tão encantadora como esperávamos, ou mesmo mais. Ia alternando escrupulosamente a harpa e o piano, cambiando da uma para o outro ao remate de cada tema. Este patrão seguiu-no durante todo o concerto, no qual, evidentemente, tivo tempo para visitar também o "Ys", disco de 2006 no que se incluíam os quase 10 minutos de "Monkey & Bear". E para rematar o concerto, um único bis: "Baby Birch", do seu último disco. Uma interpretação na que só soárom a harpa, a voz de Joanna, e os esporádicos rasgueos de Ryan Francesconi na guitarra - ressaltando oportunamente alguma nota com o seu toque desértico. Uma maravilha para fechar uma noite de autêntico luxo musical.