Fronte à surtida
oferta de atos de exaltaçom nacionalista que nos oferecia Compostela, este ano decantamo-nos
pola pouco patriótica alternativa de passar o 25 de Julho na ilha de Sam Simom.
11 grupos em 4 escenários, num festival diurno realizado com luz natural num entorno
singular.
(encima, o prezado programa, que só conhecimos ao chegar)
O festival
deu começo às 12:00 com um concerto de bem-vida no escenário do peirão, a cargo
do trio belga Hoquets. Umha formaçom
caracterizada por empregar instrumentos de fabricaçom caseira e aparência de
ter sido feitos numha aula de pretecnologia da ESO. Maiormente de percussom, ainda
que tamém havia algo de vento e corda, como umha guitarra fabricada com caixa
de puros, pau de vassoira e arame. Ficamos pampos ao ver que com estes
cacharros eram quem de obter um som notável que para nada lastrava a sua música,
rock vitamínico com inclinações funkies. Figérom gala de originalidade e
sentido do humor, tanto na posta em escena como nas letras, e ganhárom-se que
lhes comprássemos o disco. A posteriori, os melhores da jornada, ainda que
naquela altura era cedo de mais para sabê-lo.
Às 13:00,
com umha pontualidade esquisita que seria a tônica de todo o festival, saírom a
tocar L’Enfance Rouge no escenário
do passeio dos buxos. Um trio de rock francófono, ao igual que Hoquets, mas aí
rematam as semelhanças. Se os anteriores ponhem o foco em descolocar ao
espectador e sacar-lhe um sorriso, desprezando qualquer pretensom de
trascendência, estes levam posta a máscara da seriedade e usam umha formaçom
clássica, com guitarra, baixo e bateria (mais a colaboraçom nas primeiras
canções do violinista de Al-Madar). Umha diferença que já se podia intuir só
com ver o aspecto dos integrantes de um e outro grupo: da impossível combinaçom
de cores dos Hoquets ao negro rigoroso de L’Enfance Rouge. Canha com querências
“post-”, em resumo. Aprovado alto.
No mesmo
escenário tocou Christian Kjellvander,
o cantautor sueco de americana que eu, ingenuamente, pensei que ia ser The
Tallest Man o Earth. Si, porque umha das peculiaridades deste festival é que
nom se sabia a priori os grupos que iam tocar; em lugar de anunciá-los davam-se
pistas via web. Pistas óbvias para listilhos e campeões do gafapastismo, mas
nom para mim, que nom pilhei nengumha e trabuquei-me na única que crim saber. E
por isso nom me puidem preparar a discografia do fulano este, cujo concerto
perdia ao nom conhecer nengumha cançom. Isso si, como música de fondo para o
bocata, cumpriu sobradamente.
Às 15:00
coincidiam dous concertos. No mesmo escenário que os anteriores tocava Aries, umha rapaza que se apanhava para
cantar, tocar a guitarra e manejar o teclado ao mesmo tempo. Mália haver por
momentos alguns problemas para escoitar a voz, o seu dream-pop deixou-me boa impressom
e vontade de mais. Pero, havia que dar-lhe a oportunidade aos que tocavam
simultaneamente, assi que deixamos a sua atuaçom pola metade e marchamos para o
escenário Sam Antom, no outro extremo da ilha.
Ali estavam Al-Madar, um quinteto cujo nome já dava pistas sobre os sabores árabes que caracterizam a sua música. A dizer verdade, o mais impressionante do seu show foi o próprio escenário, possivelmente o mais privilegiado no que tenha presenciado um concerto: ao borde mesmo da ilha, com a enseada detrás e Arcade ao fondo. De luxo total.
Ali tocou a
seguir Alela Diane, o único nome que
se filtrara com antelaçom, ou polo menos o único que eu sabia que ia tocar.
Trata-se dumha cantante de alt-folk (ou psych-folk, ou a etiqueta que lhe
queiram dar); a mim lembra-me muito a Laura Veirs, o que é bom. Como já
escoitara os seus discos no Spotify, sabia que tinha um feixe de canções
meritórias. Porém, o escenário resultou algo inóspito para ela: o vento batia
mui forte e enfriava algo o ambiente, nom só o metereológico. Um pequeno preço
a pagar por umha localizaçom tam exclusiva.
Os
problemas com o vento agudizárom-se com Maïa
Vidal, até o ponto de ter que interromper o concerto momentaneamente ao
pouco de começar. Felizmente o percance nom se repetiu, e puidemos desfrutar
dum dos melhores concertos do dia. É americana e fai folk, mas o nom tem nada
de country nem cousa parecida. Lembra mais à chanson francesa, em parte polo
acordiom que é junto com a voz o mais característico do seu som.
Às 18:00
tocava Nite Jewel no 4º escenário, o
Som Estrella Galicia, olhando cara Cesantes. Um grupo de synth-pop oitenteiro
(mais um ano, e o revival que nom para...) aos que coido que nom lhes sentava
mui bem o sol. Nom porque soassem particularmente mal, senom porque a sua
música é nocturna por definiçom e pareciam um pouco fora de lugar.
Aos que
lhes dava igual a hora e todo eram aos Unicornibot.
Um quarteto dedicado em corpo e alma à tralha, à religiom da intensidade rockeira
levada à máxima expressom possível (lembravam-me a Shellac nesse aspecto). Demência
ruidista enmascarada com cascos de papel de alumínio e rematada com invasom do
escenário. Sem dúvida, outros dos triunfadores da noite.
E já nom
restava tempo para mais: apesar de ser só as 20:00, tínhamos que voltar porque
nom puidéramos comprar tickets para o derradeiro barco, polo que ficamos sem
oir a Alt-J e Shangaan Electro. Um falho na planificaçom do festival, se
repitem para o ano que vem deveriam fazer um esforço para pôr barcos
suficientes ao remate da festa.