terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A natureza da mente consciente

Este artigo de Ignacio Morgado Bernal (catedrático de Psicobiologia da UAB), que foi publicado no jornal espanhol El País o passado 9 de fevereiro, reflicte moi bem algumhas das teimas que me rondam ultimamente pola cabeça. De jeito para mim sorprendente, o autor nom parece conceder um grande valor ao hipotético achádego da “fórmula” que explique o fenómeno da consciência. Por umha banda, devido a que provavelmente a nossa mente nom estea preparada para entender essa explicaçom, polo menos no seu estado evolutivo actual. Mas tamém vem dizer que, mesmo se o entendéssemos, e déssemos com os “algoritmos” (ou o que fosse) que a produzem, isto teria pouca importância. Nom coincido em absoluto com esta interpretaçom: desde o punto de vista dum engenheiro de sistemas, a possibilidade de estudar a consciência deste jeito seria algo absolutamente revolucionário. Sem ir mais longe, porque possibelmente seria reproduzível. A dia de hoje sabemos como criar redes neuronais artificiais que emulam o comportamento do cerebro. Se, ademais, fossemos capazes de criar consciência (ou replicá-la, ou armazená-la) a conseqüência seria o maior câmbio de paradigma da história do pensamento. Pensemos por exemplo na possibilidade de “migrar” a consciência dum sistema natural –o nosso cerebro- a outro artificial criado por nós. Nesse caso o nosso Eu deixaria de estar confinado no nosso corpo, finito e com data de caducidade, e existiria quando menos a possibilidade teórica da inmortalidade ou da ubicuidade. Ciência ficçom, a dia de hoje. Mas num futuro, quem sabe... é este o destino natural da humanidade? É jogar a ser deus? Estamos predestinados para isso? Ou som simples palhas mentais? A minha resposta a todas estas preguntas é SI, mália serem aparentemente excluíntes entre si. Mas quizais deveriamos resucitar a Philip K. Dick e preguntar-lho...
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NOTA: no artigo, os comentários em cursiva som meus.
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O cerebro dota-nos aos humanos de poderosas sensações e percepções. Se abrimos os olhos um dia soleado sentimos que toda a paisage que contemplamos está chea de luz. O olor do almorço matinal parece-nos que está aí fóra, saíndo da cunca de café quente. Mas o certo é que essa luz e esse olor só existem na nossa mente, pois som o modo em que o cerebro fai que percibamos as diferentes formas de energia que circundam o nosso entorno. Fóra de nós nom hai luz, só energia electromagnética; nem olor, só partículas volátiles. É dizer, o cerebro crea a mente e fai-nos percibir o que acontece fóra e dentro do nosso corpo dum modo especial que nom tem por que coincidir com a realidade mesma. Esse modo especial nom é outra cousa que a consciência e os seus contidos, um fenómeno que ademais de dar sentido à nossa vida aporta flexibilidade ao comportamento e converte-nos em seres verdadeiramente inteligentes.

Se cavilamos sobre elo nestas páginas é porque moitos científicos acreditam que a natureza da consciência é o principal problema que a moderna biologia tem aínda que resolver [eu tamém]. Trata-se na realidade dum problema moi especial que nem sequera sabemos moi bem como considerar e investigar. Abundam, nom obstante, as reflexiões sobre o mesmo e os trabalhos de investigaçom que tentam aborda-lo desde algumha perspectiva particular. Recentemente, no Instituto Tecnológico de California (Pasadena, USA), eu mesmo participei em experimentos para conhecer mediante resonância magnética funcional as partes do cerebro activadas a depender de se os sujeitos percibiram ou nom conscientemente estímulos luminosos apresentados brevemente nalgum dos seus olhos.

O que acontece é que o problema da consciência nom se esgota nem moito menos no conhecemento dos circuítos e a actividade cerebrais que a fam possível. O que quizais mais nos intriga é conhecer como essa actividade cerebral gera o estado consciente, é dizer, como tem lugar a emergência ou câmbio qualitativo que convirte a actividade do cerebro em percepções conscientes tam específicas e genuínas como a doçura do doce, o azul do azul, a dor do doroso, é dizer, como som possíveis as diversas experiências conscientes que invadem a nossa mente, sejam em forma de sensações, motivações, sentimentos, lembranças e ilusões, ou seja, o que os filósofos chamam qualia.
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Mas, ao preguntarmo-nos sobre como a actividade cerebral gera a experiência consciente, que tipo de resposta estamos a buscar? Tente o leitor pensar e respostar: como entender o câmbio qualitativo do fenómeno fisiológico ao fenómeno mental? Que podemos agardar para explicar o fenómeno psíquico da consciência? Acaso algoritmos informáticos ou fisiológicos?
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Conformariamo-nos com umha fórmula matemática, novas partículas físicas ou umha forma de energia até agora desconhecida? [desde logo, eu conformaria-me com qualquera dessas possibilidades] Em realidade, sendo a consciência um fenómeno tam genuíno e especial, talvez antes que nada devamos preguntar-nos se pode existir algum tipo de explicaçom inteligível sobre a sua natureza capaz de satirfazer plenamente o nosso interesse científico. O própio Nobel Francis Crick colocava essa mesma questom deste modo: podem os qualia ser explicados polo que conhecemos da ciência moderna? Persoalmente, eu duvido de que saibamos o que estamos buscando quando estudamos a natureza íntima da consciência. Creo, em realidade, que nom o sabemos.

Quando tentamos explicá-lo podemos dizer que falar da consciência é como falar da relaçom entre o cerebro e a mente e, nesse sentido, umha das metáforas mais utilizadas é a que afirma que do mesmo jeito que a temperatura nom é mais que a cinética ou velocidade de movemento das partículas que integram um corpo, a consciência deveria ser o mesmo que a actividade fisiológica cerebral que a fai possível, e punto. É dizer, o mesmo visto dende outra perspectiva. Mas nom resulta doado conformar-se com essa explicaçom, porque aínda que a temperatura que avalia um termómetro seja simplemente umha maneira macroscópica de observar o movemento das partículas, o cerebro, a diferença do termómetro, nom só avalia, senom que convirte o resultado da avaliaçom numha nova experiência moi especial que chamamos calor. Podemos dizer entom que a calor nom é outra cousa que o modo que tem o nosso cerebro de decatar-se do movemento das partículas dum corpo, mas seguimos sem explicar a especificidade da experiência consciente que fai possível essa particular percepçom. Qualquera outra metáfora poderia remitir-nos à própia consciência sem explicar-nos a sua natureza.

Hai entom umha soluçom possível para o problema da consicência? Eu penso que actualmente nom o hai [e seguramente seja certo, actualmente], e tentarei explicar por que mediante umha metáfora. Para preparar umha comida saborosa precisamos dumha boa receita, ajeitados ingredientes e conhecer a correcta sequência e temporalidade para cozinhá-los. Mas, acaso aportaria algo ao resultado final o conhecer como a combinaçom de ingredientes e o cozinhado originam o bom sabor do produto final? [possivelmente] Poderia esse conhecemento melhorar o resultado? [por que nom?] Aportaria ao cozinhado algumha vantage, propiedade ou utilidade práctica? Provavelmente nom [provavelmente SI, diria eu]. É dizer, em princípio, parece mais relevante e necessário conhecer os ingredientes e a mestura precisa que fam possível um sabor que determinar a natureza do própio sabor como fenómeno mental consciente. Pois do mesmo jeito coido que, aínda que puidéssemos conceber e mesmo conhecer algumha explicaçom convincente sobre como a fisiologia inconsciente se converte em psique consciente e em que consiste esta última, esse conhecemento nom serviria para nada mais que para satisfacer a nossa curiosidade científica, sem aportar nengumha vantage práctica.

E essa é para mim a clave dado que, ao longo da evoluçom, a selecçom natural promove unicamente cousas úteis [dacordo, mas o significado de "útil" pode tamém evoluir]. Desse modo, aínda que conhecer os mecanismos naturais que fam possível a consciência é algo que podemos alcançar cientificamente e que terá sem dúvida consequências prácticas na clínica o a educaçom, conhecer a natureza íntima da subjectividade, aparte de satisfazer, como dizemos, a nossa curiosidade científica, seria de pouca ou nula utilidade, e quizais essa é a razom pola que a selecçom natural pode nom ter promovido o desenvolvemento suficiente do cerebro humano que faga possível a compreensom da natureza da consciência.

A mente consciente foi promovida pola selecçom natural em resposta aos câmbios e desafios que se produzírom ao longo da evoluçom no entorno dos animais, como um médio para adaptar-se a eles. É dizer, para sobreviver os animais tivérom que desenvolver flexibilidade mental e condutual, o que proporciona a consciência. A nossa capazidade cerebral para entender a natureza da mente consciente evoluirá quando novas condições ambientais fagam verdadeiramente necessário este entendemento [efectivamente, aínda que estas condições podem nom ser tam só ambientais, ou seja externas, senom internas, derivadas da vontade do género humano], aínda que tamém é possível que entom surjam novas e difíceis questões que serám o preço dessa promoçom.
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4 comentários:

Anónimo disse...

No me voy a explayar mucho....

Yo soy partidario (como parece referirse al final el articulo) de la evolucion como maxima de la naturaleza.

La consciencia es solo una consecuencia de la seleccion natural....

Asi de simple. Despues de muchos millones de años, el cerebro se ha especializado lo suficiente como para comprender lo que hay a su alrededor, y como es una ventaja evolutiva, pues lo aumenta en cada generacion.

Es cuestion de tiempo que se desarrolle un ente no-humano pensante, y habria que llamarle consciencia igualmente.

Te recomiendo la pelicula de anime Ghost in the shell. Va sobre estos conceptos.

P.D. hace tiempo que no hago nada con la libreria neuronal fann.... ;)

Sr. J disse...

mariguano, quando dis "Es cuestion de tiempo que se desarrolle un ente no-humano pensante, y habria que llamarle consciencia igualmente", suponho que te refires, em vez de "ente nom-humano", a algo como "ente nom-biológico", nom? Porque os animais nom-humanos som tamém seres pensantes... alguns mais pensantes que certos humanos, hehe.

Táboas Pequeno disse...

Cando as portas da percepción se abran, veremo-las cousas tal e como son: infinitas....

Sr. J disse...

Berto, esses caramelos sabiam um pouco ácedos... ;-)