sábado, 16 de maio de 2009

Ninguém sabe como pode rematar

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Artigo escrito por María Cedrón, publicado o 13 de janeiro do 2009. Foto de Óscar París.

«Nadie sabe dónde puede acabar. Mira las Torres Gemelas... ¡Qué altas eran! Y mira cómo cayeron. Bastaron solo unos segundos... Escupí para arriba y me cayó encima». Ramón (nome falso porque não quer que os seus filhos se enterem de que vive na rua) fala com conhecimento. Hai quatro decênios, quando colheu por primeira vez o volante de um camião, nunca teria pensado que acabaria vivendo, com 66 anos, baixo a rampa de subida para o portal dum edifício do corunhês bairro de Elviña.

Aí se instalou hai aproximadamente dous meses este burgalês junto com a sua companheira, uma corunhesa de 48 anos com a qual convive hai mais de cinco. Na rua levam já três anos. Mas o céu é o único teito que podem pagar com uma única pensão de aposentadoria, a dum camioneiro retirado. «No te voy a decir cuánto cobro, pero es pequeña, muy pequeña. No llega para dos, pero no voy a pedir. Nunca pensé que pudiéramos acabar aquí», comenta. A sua companheira não recebe nada, nem a Renda de Integração Social da Galícia (Risga), uma ajuda que lhe denegárom duas vezes. «Con esa ayuda podríamos pagar una habitación y luego con lo que gano tendríamos para comer y los pequeños vicios», explica.

Ramón repassa a sua vida, enquanto descansa sentado sobre uma colcha que cobre uns cartões que o isolam do chão. Como apoio utiliza uma maleta negra, com rodas, que atopou num contêiner. Lembra os seus anos na estrada. «Conozco toda Europa, y de España y Galicia, rincón por rincón».

Antes de viver em Elviña instalaram-se numa rua cega que hai junto a estação do trem. «Teníamos todo muy curioso allí, incluso teníamos unos plásticos que cortaban el aire, pero Dolores [também nome fictício] estuvo enferma, en el hospital, y al volver alguien había quemado aquel rincón. Nos quedamos con lo puesto. Por eso tuvimos que mudarnos aquí», comenta.

Vida cotidiana

O pequeno espaço que ocupárom está mui limpo. «No queremos molestar a nadie», dim. Numa garrafa tenhem o sabão para lavar a louça, uma pequena lata fai as vezes de cinzeiro e noutra esquina gardam lixívia para desinfetar. Como vassoira utilizam uma ponla. Para lavar-se utilizam o serviço do albergue ou, às vezes, os deixam assear-se numa gasolineira que hai perto. Num lateral do seu pequeno lar, perfeitamente dobradas, gardam quatro mantas. São o único escudo que tenhem estes dias contra o frio. «A ella -pola sua mulher- las bajas temperaturas le están afectando bastante, aunque los vecinos se preocupan mucho y nos preguntan: ¿queréis alguna más? Incluso hay alguno que pasa por la mañana y nos da algo para que vayamos a tomar un café caliente. En Navidad nos trajeron de todo», comentam.

Agora agardam ajuda. Onte, explicam, um jovem da cruz Vermelha foi a vê-los. «Está viendo cómo tramitar la Risga y buscando un lugar en el que podamos vivir». É a sua esperança.

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