Estamos no tempo de... botar a vista atrás. Com a idade venhem as lembranças, e decatas-te de que um feixe de cousas que passárom na adolescência (os anos moços por excelência) acontecérom hai já "n" anos. E a mim, mália ir sempre de eclético, cosmopolita, original e indie/alternativo, se algo me tocou de perto (e penso que podo falar também polos meus amigos) naqueles anos '90, não foi tanto o grunge, nem a electrónica nem outras cousas igualmente interessantes. Foi o que passava aqui, no nosso bairro, na nossa aldeia, na nossa instância (persoal) do mundo (global) que nos acolhe. Vaia, tampouco me quero pôr pedante de mais... vamos, que se algo nos tocava a fibra circa 1994, isso era o que se deu em chamar Bravú. Que, se imos a isso, era bem eclético, cosmopolita, original e indie/alternativo, ainda que não saia nas revistas de tendências nem no rockdelux.
O ano passado comemoramos os 10 anos do disco dos Papaqueixos; algo antes reuniram-se os Rastreros... e esta volta tocava o 20 aniversário da banda bravú por excelência, os nossos Pogues, os nossos Mano Negra: os Diplomáticos de Monte Alto! Que já se juntaram recentemente para tocar no Reperkusión de Alhariz, mas coincidira com a despedida de solteiro de Paco e não puidéramos ir. Mas esta vez não havia grandes impedimentos, e puidemos dar-nos cita na Crunha, para inaugurar a sala Túnel (com entradas a 5€, esgotadas dende dias antes) nos baixos do Coliseum, no cada vez mais urbano bairro de Elvinha.
Hoje fum ao mundo inteiro
A jornada de festa começara muito antes de nós chegar: a Rota da Tralha percorreu “o mundo inteiro”, dende Monte Alto a Elvinha, descargando ao seu passo a Treboada Korunhenta. Bandeiras negras, megáfono e repichocas para tomar as ruas: party for your right to fight. Assi cantavam quando passavam os irmandinhos. Assi chegárom ao Coliseum, e alá entramos com eles no Túnel.
O espírito do passaruas não se esvaeceu de vez: os Jarbanzo Negro não saírom ao escenário, senão que se metérom entre o público e começárom (ou seguírom, segundo se mire) a festa. Acompanhados por Xurxo Souto, movérom-se e movérom-nos cara adiante e cara atrás, e quando subírom ao palco a cousa seguiu polos mesmos derroteiros. Ainda que nunca me gustárom demasiado (comprei o seu disco e bem que me arrepentim), hai que reconhecer que ao vivo tenhem um passe. E o seu festivo turbo-folk fijo bem de aperitivo para o que estava por vir.
Kontra o mundo!
X.M. Pereiro: Cha-cha-cha-cha-cha-cha!!
Dixeram que não iam dar um concerto de reunião emotivo, desses nos que continuamente estão a subir velhos amigos ao escenário e os discursos entorpecem o show. E abofé que cumprírom o propósito, pois aquilo foi uma descarga de tralha sem descanso. Mas si que houvo, polo menos, ocasião de viver um momento único: quando um Xosé Manuel Pereiro visivelmente emocionado apareceu para cantar dous temas que os seus Radio Océano legaram à posteridade: a sua versão de “Como o vento” (originalmente dos portugueses Sétima Legião, posteriormente recuperada polos Diplos em Avante Toda), e a peça da sua colheita “Terra Chá”.
“Ai vai”, a peça que os Diplomáticos tomaram prestada dos Carayos (aquela banda que Manu Chao tinha à margem de Mano Negra), foi adotada como espécie de sintonia de continuidade, e tocada com ímpeto e brevidade como uma dúzia de vezes, para dar passo em cada ocasião a uma nova descarga de energia. (Penso que tocárom também algo do Komunikando, o disco que sacárom sem Souto nem Mangüi e que talvez nunca deveu existir, mas não sejamos maus: seguramente era necessário). Apropriadamente, rematárom com Aí Vos Quedades (entre curas, frades e militares!), e deixárom para o bis uma das suas canções que melhor resiste o passo do tempo: Estrume, essa colaboração com Xan que tantas vezes temos ouvido ao vivo.
Enfim, vemo-nos dentro de 20 anos, se é que antes não tronza o universo!!!
2 comentários:
Menuda festa, mágoa de perdeme este acontecemento.
Miguel.
Poetaaa, poetaaa!!! Unha gran festa que coas tuas verbas inda é mais grande. Apertas!!
Antón
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