segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Calexico (e algumas outras lembranças)

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Hai mais de 40 anos que os californianos Love introduziram ventos mariachis no pop/rock; o resultado foi uma das canções mais bonitas de todos os tempos, "Alone again or". Parece raro que essa via nom tenha sido mais explorada desde aquela. Um dos poucos que se animam a elo, e com bastante acerto, é a banda de Tucson Calexico. Por isso foi um bonito detalhe que remataram a primeira parte do seu concerto versioneando, precisamente, "Alone again or".

Foi o passado 16 de janeiro de 2009, no teatro Caixanova em Vigo - uma fantástica sala cuja única pega é... que é um teatro, e portanto hai que estar sentado, nom vendem cerveja, nem se pode fumar. Mas estes som pequenos inconvenientes quando a câmbio se pode desfrutar de um som impecável e uma boa vista do escenário. Agradece-se especialmente a possibilidade de desfrutar em boas condições das sonoridades de uma banda como Calexico, que incluindo guitarras, contrabaixo, bateria, vibráfono ou trompetas pom todo o empenho em regalar-nos as orelhas com matizes. Como dixo o cantante, um loquaz Joey Burns, "If we could bring more instruments, we would. But we can't". Por certo, apesar do carácter fronteiriço da banda, que inclui recitados em castelhano nalguns temas, Joey nom sabe mais que umas poucas palavras nesse idioma. E nom me sorprende, é que os gringos som assi.

Enfim, todos estes ingredientes fôrom misturados com acerto e precisom, num concerto pletórico e convincente que nom chegou ao tédio em nengum momento. Nom se notou a "intrusom" de Depedro, o teloneiro que se excedeu no seu papel e participou do concerto como um membro mais: mui generosos fôrom os de Calexico com el, pois o escenário lhe vinha grande e às vezes nom sabia onde meter-se. E olho, que tamém o acompanhárom durante parte da própria actuaçom de Depedro, dotando as suas canções dum empaque instrumental que ainda assi nom as salvava: lembra a Pau Donés, imaginem-se.

Mas aqui estavamos para falar de Calexico. E Calexico o que fixo foi repasar a consciência a sua discografia, sem obviar os (poucos, esse é o seu ponto fraco) dos seus temas que resultam verdadeiramente memoráveis. Assi soárom as minhas favoritas, como as incluidas no seu último disco Carried to Dust (2008): "House of Valparaíso" ou "Two Silver Trees", esta com uma fermosa explicaçom sobre o seu título -um verso dum poeta vezinho, sacado do seu contexto original. Tamém hinos anteriores como "He lays in the reins", que perde algo, inevitavelmente, sem a participaçom de Iron & Wine. Esta reservarom-na para o segundo bis, i é que o concerto foi longo para o que se estila hoje em dia e chegou aos 100 minutos. Assi dá gusto!

Nota:

Agora que fago memória lembro outras duas visitas, relativamente recentes, de autênticos monstros da música americana atual. As duas, por alguma razom (basicamente: a preguiça e a falta de fotos com as que acompanhar a crónica) nom fôrom resenhadas neste blog, que deixou assi de cumprir uma das suas funções: a de fazer de pequeno diário onde anoto as minhas experiências musicais. Polo menos mencionarei-nas agora, já que é um chisco tarde de mais para fazer a crónica: foram os concertos de Vic Chesnutt + Elf Power (19 de setembro de 2008), e Bonnie Prince Billy + Faun Fables (3 de abril de 2007, uma crónica aqui). Ambos programados nalguma ediçom do Festival SinSal, ao que tantos bós momentos lhe temos que agradecer. Estiveram mui bem, e curiosamente, ao igual que no de Calexico, em ambos o papel dos teloneiros nom se limitou a tocar antes que o artista principal, senom que tamém o acompanhárom sobre o escenário. Com melhores resultados que Depedro, todo hai que dizé-lo.

Infelizmente, nom cheguei a tempo de ver a Elf Power -uma banda que me encanta, ao igual (pero mais) que outras do colectivo Elephant 6. Vinha de viagem desde Murcia, e sorte tivem que o aviom nom tivo apenas retraso e cheguei para ver a Vic, um fenómeno. Bom concerto, abofé. E ainda melhor, se cabe, foi o de Bonnie Prince Billy, do que curiosamente lembro maiormente anécdotas extramusicais: uma, que Faun Fables (por certo, uma revelaçom de grupo: realmente especiais, valem a pena) começaram a sua atuaçom cantando a capella desde o corredor central do teatro. E outra, as explicações de Will Oldham entre cançom e cançom, nom exentas de humor. Como quando contou o chiste sobre o Ohio River: apresentara "Ohio River Boat Song" -um clássico tema dos primeiros Palace Brothers-, e alguém desde o público berrou "Uou! Ohio!". El aclarou que nom era Ohio, senom o Ohio River: o rio que separa o estado de Ohio (ao N.) do de Kentucky (ao S.). E, oriundo de Kentucky como é, lançou a pulha, com jogo de palavras incluído: "Do you know why Kentucky doesn't fall from the map? Because Ohio sucks". Isto é apenas uma anécdota, por suposto. O importante é que o concerto fora grandioso, pois o cancioneiro de Mr. Oldham é já um cordal inçado de cumes e com o seu talento interpretativo lhe sobra com uma guitarra para remover-nos os alicerces. E se o fai acompanhado de uma voz como a de Dawn McCarthy, ainda melhor.
Ai... e já vam quase dous anos desde isso... como passa o tempo!

2 comentários:

Carminha disse...

Creo que estás a ser un pouco inxusto con Depedro!!
E menuda comparación, Pau Donés! Depedro ten unha voz ben bonita e sabe cantar home!

Sr. J disse...

Nom sei se sabe cantar, do que nom tem muita idéia é de estar sobre o escenário. Pode que seja injusto, mas é a minha opiniom, digo-o sem acritude porque nom me cai mal nem nada disso. E que queres... a mim lmbrou-me a Pau Donés...