Sessão vermú...
Os concertos começavam às 22:00, mas nós chegamos ao mosteiro de Monfero um pouco cedo... umas 8 horas! Justo a tempo para o primeiro acto, uma comida para os músicos, organizadores e amiguetes... a qual, amenizada polas provas de som dos grupos, virou uma sessão vermú em toda regla. Ali nos juntamos umas 60 persoas, o ambiente era inmelhorável, e a minha camiseta original da I Festa folk no rio Dez (curiosamente, a única que alvisquei em toda a jornada!) causava sensação. Entre canha e vermú, aproveitei para que os integrantes dos Papaqueixos me assinassem a portada d'a "Lóxica aplastante...", dende já uma relíquia de valor incalculável (não escoito ofertas). O menú: caldo (a cargo de Pablo), churrasco e um requeijo fantástico... o próprio para ir colhendo forças para a que se nos vinha em cima: acompanhar à "Charanga dos veraneantes" (composta por todo aquel que tivesse um instrumento - ou similar - e vontade de tocá-lo) na rota polas tabernas.
Pila da lenha
Era algo digno de ver, como em questão de minutos uma tasca onde igual não havia mais que um par de persoas botando a partida se convertia em algo parecido ao carnaval de Rio (ou melhor, de Hio). A primeira parada foi a Pila da Lenha, despois subimos ao Alto Gestoso, baixamos ao Xiao (onde se nos uniu boa parte da família González / Jove), e recuncamos em dous bares de Rebordelo. Total, que quando voltamos ao mosteiro já eram quase as 10 da noite e estávamos agardando impacientes o começo dos concertos.
Alto Gestoso
Aquilo havia ser uma sucessão de músicos do mais promíscua, já que em todos os grupos havia músicos comuns. Após a apresentação de Isabel Risco começárom Banda Potemkin, que não são dos meus favoritos precisamente (não lhe acabo de pilhar o ponto ao seu estilo festivo, passa-me um pouco como com o Jarbanzo Negro). Apesar de que quando metérom canha não estivérom nada mal, foi o momento de cear e descansar: a tarde fora dura e a noite prometia outro tanto.
Banda Potemkin, com o mosteiro ao fondo
Seguírom os Tres Trebons e o Vendaval do Rosal, como sempre um autêntico all-star do que algum dia se deu em chamar bravú. Escoltados polos Homes sem Medo, dérom toda uma lição de poderio, com hinos como "Estrume", "Como o vento" ou "Berbés" que... eu que sei por que... mas cada vez soam melhor. Xurxo Souto - quem não quixo perder o evento mália estar a piques de ser pai -, não se esqueceu de agradecer aos membros de Abordelo que argalharam a festa, mesmo fazendo subir ao escenário a Ana.
Trebons!
Nessa altura já se nos unira Miguel Ángel, quem não puidera vir pola tarde. Justo a tempo para o principal, a razão última de todo este tinglado: a atuação dos únicos, inimitáveis, quase-defuntos... Papaqueixos!! A viagem temporal principiou com o "Sonho 77/1", e incluiu a meirande parte dos temas que forjaram a sua lenda: "Mai löb is güeitin' faregüei", "Matías o morcego", "O paraugas do José", ou, como não, "Teknotrafikante" - essa canção que é à música galega desta década o que "Galicia Caníbal" foi nos '80 (ai! se a tiveram sacado como single... e pensar que estivérom a piques de deixá-la fora do album!). A maquinária soava tão engraxada como de costume (ou mais!), e a tolémia propagava-se polas primeiras filas. Transformados em partículas elementais, rebotávamos uns com os outros sem ordem aparente, agitados tão só por essa mistura folk-ska-funk, muitas vezes admirada mas nunca igualada. O melhor, sem dúvida, foi escoitar de novo essas canções que, apesar de ser clássicos do seu repertório, não chegárom a ser incluídas no disco: falo dessa versão de "A desaramiar" (A desalambrar) ou, sobre todo, de "Mascalzone" - ou como se titule: esse irresistível ataque retranqueiro à traição socialdemocrata ("e somos amigos de Willy Brandt"...), outro mega-hit em potência. Como todas as cousas boas, o show durou bem pouco (ou isso nos pareceu, claro!), e ramatou com "Matías o morcego" por segunda vez.
Mamma mia, quanta illuminazione!!
A ingrata labor de tocar despois destes fenómenos foi para os Cuchufellos. Não vou mentir, pouco caso lhes fixem, ainda que pouco a pouco (esta era a já a 3ª vez que os via) vão-me gustando mais. Nós, abondo tinhamos com reponher líquidos! E ainda quedavam os Ulträqäns, a banda desse atleta chamado Antom Papaqueixo: como pode uma persoa estar tocando durante 12 ou 14 horas quase sem parar? Enfim, nós tinhamos menos aguante ca el, e um caminho mais longo para voltar a casa, assi que decidimos sair de caminho sem agardar a escoitá-los. Mas consta-me que o fixérom bem, e que despois a festa ainda se prolongou praticamente até a chegada do dia.
E assi rematou este Papagrelo que colmou, e desbordou, absolutamente todas as expectativas. Não só subjectivas: na barra esgotárom as cervejas, a organização vendeu todas as rifas e camisetas, e a opinião generalizada era que, se bem houvo que agardar 10 anos... pagou bem a pena! Assi que, já sabedes: no 2019, se hai sorte, teremos a seguinte entrega. Eu, por se acaso, já vou marcando a cita no calendário.
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6 comentários:
Con sorte, ali estaremos rodeados dos amigos de sempre. Mais vellos, pero coa mesma ilusion. Moitas gracias pola cronica
Nada que engadir, crónica perfecta.
Simplemente foi maravilloso.
Gracias a todos rapaces.
Despois de ler a crónica ainda me fastidia máis non ter ido. Terei que esperar o 2019.
Encántame a foto de Banda Potemkim co mosteiro ao fondo! A crónica estupenda!
Pillo a foto para o Abordelo, espero que non che importe! Saúdos
Moitas graças a todos/as polos comentários... a "de Monfero": por suposto, encantado de que colhas a foto para Abordelo!
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