sábado, 8 de agosto de 2015

Los Enemigos (Castrelos, Vigo, 01/08/2015)



Podría hacer daño el agua y no el licor 
Podrían los años no pasar factura al portador
Podría ser, pero no

Começárom Los Enemigos empalmando “Brindis” e “Esta mañana he vuelto al barrio”, duas canções que falam do passo do tempo, umha temática que tem especial significado a estas alturas. Penso que foi umha forma de falar às claras desde o começo, em lugar passar nas pontas dos pés sobre o feito de que, a fim de contas, som umha banda com 30 anos de existência e que já tivo umha falsa despedida dos escenários hai umha década. Tampouco é que o passo do tempo lhes tenha sentado mal: Josele Santiago e Fino Onoyarte, ataviados com trajes negros, Manolo Benitez com o seu uniforme indefectível (gorra, gafas de sol, camiseta e vaqueiros) e Chema ‘Animal’ Pérez, parapetado trás a bateria, mantenhem um bom tipo, nom se lhes apreçam bandulhos cervejeiros.

Indo ao musical, que esta nom é umha crónica deportiva, o que importa para além de aparências físicas é que foi um concerto sem tacha, que soárom como mínimo tam bem como sempre, e que nom creo que ninguém se fora defraudado. Sendo sinceros, agradeceu-se que renunciaram a apresentar polo miúdo o seu último disco, o disque discreto (admito que nem o ouvim) “Vida inteligente”, que visitárom só em contadas ocasiões. E que se dedicaram em troques a repassar o seu extenso e viçoso repertório clássico, desde o seu disco de debut (aquel “Ferpectamente” de 1986 de onde resgatárom “Complejo”) ao que foi durante um tempo o seu canto de cisne, o LP “Nada” de 1999. Falando de memória, coido que tocárom canções de todos eles com a única exceçom de “Sursum corda”, que de todos os jeitos era umha colecçom de descartes (dado que acabo de ler mentres escrevo isto, por certo). Nom faltárom na seleçom clássicos inevitáveis como “Septiembre”, “Desde el jergón” ou “John Wayne”, este último dedicado aos recentemente falecidos Javier Krahe e José Sazatornil. Temas infalíveis que fôrom coreados massivamente polos assistentes, nom podia ser de outro jeito, ainda que felizmente a voz de Josele estava bem sonorizada e pudemos ouvir as letras da sua boca. Tamém ajudou a isso que nom houvo cheio de público em Castrelos nem muito menos, apesar do reduzido preço das entradas, apenas 6 €.


"Como quien dice aquí al lado... no amanece ni pa' Dios!"

Soárom tamém, entre outras, “Yo, el rey”, “Soy un ser humano”, o “Señora” de Serrat e umha das minhas favoritas, “An-tonio”, a cançom dos mares do Sul. Como de costume, estivérom intensos no musical e cordiais e comedidos ao se dirigir ao público, com a cumplicidade dos velhos amigos entre os quais nom se precisam longas explicações. A fim de contas, mália serem de Madrid Los Enemigos jogam na casa quando venhem a Galiza. E reservárom para os bises duas baças seguras: a primeira, umha velha cançom que por motivos óbvios é um himno em Vigo, “¿No amanece em Bouzas?”, a lembrança de umha noite de cogomelos alucinógenos com Siniestro Total que provocou a catarse coletiva. E a segunda, “La cuenta atrás”, outra cançom sobre o passo do tempo como as que abriram o concerto—feche de círculo premeditado, ou casualidade? Botando a vista atrás, a primeira vez que escoitei “La cuenta atrás” foi na adolescência e era fácil identificar-me com o que contava, o passo do mundo dos jogos infantis ao das exigências e responsabilidades da vida dos adultos. Vinte anos depois a cançom segue a tocar-me a fibra, ainda que agora desde o ponto de vista oposto: agora toca pôr-me na pel do narrador que olha ao seu filho e lamenta,

Debes ganar, y pisa fuerte, hay que impresionar
Vas a flipar, tendrás que ser mejor que los demás
Qué solo estás, mi queridísimo hijo, mi chaval…

O tempo passa por todos nós, mádia leva, mas polo que se vê, bastante mais por mim que polos Enemigos. Que sigam assi por muitos anos, e eu que os veja. Brindemos...

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