segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Leonard Cohen em Castrelos

.

O passado 13 de agosto tivemos um imenso privilégio. Disfrutar de um concerto perfecto. Não são necessários mais qualificativos, inútil buscar mais: esta crónica escreve-se soa. Noite perfecta de verão, cálida e pracenteira. O sítio perfecto, no meio dum parque. A companhia perfecta. Todos no perfect mood, comodamente sentados. Mais luxo não se pode. Saboreando os nossos gin-tonics. Um escenário a escasos metros de nós, justo de frente.


Em cima, um gigante da canção, com a experiência dos anos - mas sem o seu desgaste ou cansaço. Um velho favorito de alma nova. Uma banda perfecta, impecável. Uma actuação pletórica. Todas as canções que lhe podiamos pedir, sem faltar nenguma: um glorioso e extenso cancioneiro destilado para nós. Incrível, mas certo. Para que buscar os melhores momentos, se houvo tantos. Para que dizer mais, só o estropearia. Sempre ficará no nosso recordo. (E se for precisa alguma ajuda, podemos ver o video.)


1. Dance Me To The End Of Love
2. The Future
3. Ain’t No Cure For Love
4. Bird On The Wire
5. Everybody Knows
6. In My Secret Life
7. Who By Fire?
8. Heart With No Companion
9. Waiting For The Miracle

10. Anthem
11. Tower Of Song
12. Suzanne
13. The Sisters Of Mercy
14. Hey, That’s No Way To Say Goodbye
15. The Partisan
16. Boogie Street
17. Hallelujah
18. I’m Your Man

19. Take This Waltz
20. So Long, Marianne
21. First We Take Manhattan
22. Famous Blue Raincoat
23. If It Be Your Will
24. Closing Time
25. I Tried To Leave You
26. Whither Thou Goest


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ken Stringfellow na Casa de Arriba (28/9/09)

.
Ken Stringfellow... na Casa de Arriba? Um ex-Posies, um ghicho que tocou com REM ou Big Star, num local onde não colhem mais de 70 persoas? A ocasião parecia um luxo absoluto, e a verdade é que cumpriu -que digo cumpriu!- desbordou todas as expectativas possíveis. Sendo segunda feira, baixávamos pocos motivados, agardando que não houvesse teloneiros e que às 12 puidéssemos liscar para casa. Mas a realidade seria bem distinta. Em primeiro lugar, si que houvo teloneiros: Maryland, uma banda que venera o pop-rock americano com raízes (p.ex. Jayhawks) e que o tocam com uma curiosa formação de 3 guitarras + teclado. Gostei deles, apesar de que a priori não tinha gana nenguma de escoitá-los. E em segundo lugar, porque Ken Stringfellow não estava disposto a fazer um concerto rapidinho para passar o trámite.


E é que este home é um autêntico animal de direto, e num escenário (o de escenário é um dizer) tão familiar ofereceu um recital como se estivera na sua casa... e estivesse a dar uma festa! Não lhe fijo falta microfono para nos cautivar: chegou-lhe com a sua voz a pelo, que passava dos sussurros (milagrosamente audíveis) aos berros sem perder a compostura; e por suposto com a guitarra, a qual cambiava polo teclado quando lhe apetecia. Talento, muito talento e classe saindo-lhe por todos os poros... e alma de autêntico showman: os discursos entre canção e canção, ou mesmo no meio delas, não tinham desperdício.


Porque quase o melhor foi o encanto e engenho com que apresentava cada tema, ou nos contava a sua vida (vive em Paris, e sinte-se um estranho em Seattle), ou mesmo improvisava canções sobre Marisa (a nai de uma das assistentes!) ou Baltimore (a conto de que está em Maryland, e queria ter um detalhe com os teloneiros!). E no puramente musical, que é o que mais importa, também hai que pôr-lhe um sobresaínte. Avisou de que as canções alegres as tocara em Ourense (por ser sábado noite) assi que a nós nos tocavam as tristes, mas não houvo queixa. Tocou um pouco de todos os seus discos, revisitou aos Posies e versioneou... a Supertramp! Gostei especialmente de uma canção sua que não conhecia (de feito nunca escoitara nengum disco seu em solitário): "The lover's hymn", buscade-a no seu LP "Touched" (2001). E rematou, despois de 3 (!) horas, ponhendo-nos em pé (pois grande parte do público estava sentado), mandando parar a música que estava a soar abaixo (Juan pensou, dada a hora, que o concerto já acabara, e puxo a Wilco bem alto) e fazendo que nos achegássemos a el, para cantar-nos em voz baixinha e olhando-nos fixamente um por um. Glorioso! Ao remate tentou vender alguns discos, com pouco êxito... e quase me fum com mal corpo por não comprar-lhe nengum. Como somos.


E bom, como eu escrevo moi mal, pero el não, quase melhor vos deixo que leades a sua crónica desse dia (disponível em http://www.kenstringfellow.com/index.html):

VIGO, 9/28

This day tells me why I love Mondays. Why my job is the greatest. We took our time getting up and checking out of the hotel. Walked down to the harbor to have croissants and cafe. Drove to an absolutely breathtaking connected string of beaches. Over all, a mile of sand, which we were obliged to share with about 8 people. Again, the water is frigid, but the sun is strong, so it feels great to dunk and then dry off. We also explored the ruins of Our Lady of Sorrows, an ancient church built within the even more ancient ruins that take over a headland. Something very Irish about it--and remember, the Galicians were Celtic people.

On the way to Vigo, we stopped then in Portonovo for lunch--more necorinos, and some squirty percebes, which are large gooseneck barnacles. The neck’s exterior is a future fabric that feels like nylon; you detach it from the head and inside is the soft flesh of the animal. It’s also filled with liquid so you end up, by pressing on the thing when you try and open it (oh, they are boiled BTW this is not vivisection) you get barnacle nectar in your face, on the table next to you, etc. Funny stuff. I was obliged to drink 90% of our bottle of wine, too, since Luis was driving. So, once again...nap time. ??When I woke up, we were in Vigo, and Fernando, one of my tennis friends from the previous day, was pulling up to meet us and take me to another match, singles, followed by a an hour and a half group lesson. Which took the place of soundcheck (I don’t really need much of one anyway) but not dinner, so after showering up in my groovy modern hotel, I met Luis for a plate of Spanish charcuterie, cheese, and a local specialty of very thin slices of pork in a spicy sauce. Delish. Then we walked to the venue--we had already received the call that the support band was finished. But we were only ten minutes away. I arrived, which is what you do at La Casa de Arriba, and went upstairs to the showroom to find it was totally jammed, everyone sitting on the floor in anticipation...so I set up, ditched the PA, put the piano on the floor next to everyone, and proceeded to rock the house for three hours, minus a ten minute intermission I included so people could stretch their legs. To make this third show unique I...put in maximum effort, pushing and playing with the melodies, pulling out old and new songs, moving guitar songs to the piano and vice versa. I played covers, Posies songs, and in honor of support band Maryland, who are super fans, I improvised a little song called ‘Baltimore’ (you had to be there), and did many weird jams on the piano, on the mic...I rapped the intro to “Known Diamond”...just went on and on. I emptied all three of my albums, and new songs, and god knows what. They tried to turn the house music on at the end, I shut ‘em down, got everyone to stand up and come in close, and closed the evening with an a capella version of ‘Nature Boy’. Woah.

Now we’re headed to my flight in Porto and had the pleasant realization that we’ll gain an hour by crossing the border into GMT. So, time for lunch near the Porto airport. A successful conclusion to the ‘Galicia Keys’ tour 2009!

Love
KS
Route A55 near Portuguese border

sábado, 5 de setembro de 2009

Ons


Por fim, este ano puidemos fazer uma visita longamente adiada.










New York Ska Jazz Ensemble


Tocou na Iguana uma versão em formato reduzido (faltavam alguns ventos) da NYSJE; uma banda que fai honor ao seu nome, se bem tendendo mais cara o Ska que cara o Jazz. Ou polo menos assi foi neste concerto, no que a descarga de ska apenas foi interrompida por alguma incursão no reggae, um algo de jazz e mesmo um blues. Havia vontade de montar festa tanto nos músicos como entre o público, polo que a receita foi bem acolhida. E como tocárom "A message to you, Rudy", pois não se lhes puido reprochar nada. Que voltem quando queiram.

(esta crónica vai com algo de retraso, mas assi é o verão: hai preguiça até para escrever no blog... e isso que a deste concerto foi breve, ainda resta falar de Paredes de Coura e de Leonard Cohen, nada menos. Enfim, vaiamos a modo...)

domingo, 23 de agosto de 2009

Empanada


Artigo de Sara Barreiro publicado no Xornal.

Pepe, o da curva de Lamela, convidou a fillos, netos e bisnetos á festa da Empanada de Bandeira. Nunha casa na que normalmente viven Pepe, Boby e Panchito (puros palleiros), galiñas e coellos, xuntáronse arredor de quince persoas e trinta zapatos. Os nenos e os móbiles berraban demasiado para o que el estaba acostumado, e por iso, cada mañá durante a semana que tivo invitados, Pepe e os cans espertaban cediño e ían ver o mencer mentres a familia durmía e compensaba as horas de festa. Alí comenzou a pensar como eran as festas de Bandeira cando el era neno. Daquela non había nin mesas, nin pregóns, nin concursos, nin empanada. O momento grande era a saída da misa –cando todos os homes e Pepe ían tomar un viño–, e o máis interesante era o baile que pegaban antes de volver a casa. Sentiu de golpe a estraña obriga de ter morriña daquelas épocas de tranquilidade, como fan os vellos das películas cando os modernos tempos chegan ás súas vidas. Pero mirou cara a súa casa chea de vida e para a súa mesa chea da mellor empanada da festa e sorriu, feliz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Rio Frai Bermuz


Percorrido em kayak polo rio Frai Bermuz, em plenas fragas do Eume.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Bruce Springsteen, o puto chefe (Monte do Gozo, Santiago DC, 2 de agosto)



Os concertos de Bruce Springsteen não são como os demais. Não é que sejam necessariamente melhores, mas si diferentes. Por um factor fundamental: aquel a quem chamam The Boss é o líder duma religião moi estendida, com fregueses de aparentemente todas as idades. Em nengum outro concerto de rock se atopará tanta e tão variada gente: nen*s de primária, adolescentes, trintaneir*s, madurinh*s, jubiletas... gente que só escoita os 40 principais a carom de frikis de Rádio 3... enfim, amplo e variopinto é o Povo de Bruce!

Hai motivos para esta estranha unanimidade, porque o Chefe não aforra um peso de esforço para ter contentos a tod*s, e sabe bem como fazê-lo. Musicalmente, é difícil atopar uma banda mais completa e melhor engraxada que a E Street Band. Das guitarras à percusão, passando polos ventos, os teclados ou algum violinazo ocasional, todo está no seu sítio, roçando a perfeição. Repartindo rockanroll sem descanso, com experiência, habilidade e paixão a partes iguais, durante 3 horas inteiras, 3!! Onde se viu tal cousa? Os únicos que se lhe poderiam comparar e sair vitoriosos seriam Neil Young e os Crazy Horse... e para de contar.

Este alto nível não só se atinge no aspecto musical, senão também nos recursos que se ponhem em escena: neste caso, 2 pantalhas gigantes a cada lado, e uma por detrás dos músicos, que amosárom alternativamente images de alta qualidade do concerto e de paisages perfectamente escolhidos, e que fôrom um autêntico puntazo. Mas vaiamos já ao que importa...

Proseguindo o costume desta gira de principiar cada show com um tema do folklore local, a actuação abriu-se com Nils Lofgren tocando "A rianjeira" no acordião. A seguir, "Badlands", e Bruce saindo já a por todas, misturando-se entre a gente, repartindo abraços e sem aforrar em gestos demagógicos -algo de mais para o meu gosto, pois nem sequera houvera quecemento... e havia cousas importantes que atender, pois o som não acabava de ser perfecto. Afortunadamente, foi-se ajustando e no resto do concerto não houvo queixa. Seguiu com "Out in the streets"; uma "Hungry Heart" na que Bruce cedeu o micro ao público para que cantara el só a primeira estrofa; e, resgatada do seu primeiro disco, "Spirit in the night". Caeu, por suposto, o "Working on a dream", assi como "Adam raised a Cain"; "Murder Inc"; uma versão mais rockeira de "Johnny 99", quase mais parecida à que realizara Johnny Cash que à original de Nebraska; "Darkness on the edge of town"...

Os fãs das primeiras filas levaram cartazes com petições de canções, que eram recolhidos incansavelmente polo próprio Bruce... e moitas delas eram satisfeitas, apesar de haver alguma curiosa: "Burning Love" de Elvis Presley; "Born to be wild" de Steppenwolf; ou (já nos bises) "Rockin' all over the world" de Status Quo... acompanhadas por clássicos como "Backstreets", "Born to run", ou, para fechar a primeira parte do concerto, "No surrender".

Para os bises ficárom canções como "Dancing in the dark", "Glory Days", "Rockin' all over the world" (uma versão de Status Quo que fora também petição popular) e, para rematar (supostamente) "Twist & Shout" -mesturado um chisquinho com "La Bamba". O concerto deveria finalizar então, mas, despois dum numerinho de desfalecemento e reanimação (com mascarinha de oxígeno incluída), ainda soou o "Born in the USA" como despedida final.

Em total, 30 temas em 3 horas de extática celebraçaõ. Faltárom 3 clássicos como "Thunder Road", "The River" ou a minha favorita, "Atlantic City"; que um artista poda prescindir de semelhante trio de ases e ainda assi dar um concertazo di moito ao seu favor. O dito, o puto amo, senhor*s.

E, si, ate agora não dixem nada da penosa organização... porque este é um blogue que pretende fugir de amarguras e maus rolhos. Só dizer que isso foi um caos, que fijo que gente com entrada ficara fora despois de horas de espera e de ter pagado 74 €, e que a nós mesmos quase nos fode o evento... de não ser por uma boa dose de sorte em parte por ter atopado, de milagre, a Fernando e companhia (graças Enrique por avistar-nos) que tinham pilhado um sítio com um mínimo de visibilidade. Aos responsáveis desse desastre desejo-lhes de todo coração uma pronta morte (sem dor, não vou ser sádico ainda que mo pide o corpo). O mundo estará melhor sem semelhantes inúteis.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O neno imigrante que dava de comer aos passaros

.
.
Durante a primeira metade do século XX, milhões de imigrantes fôrom retidos na ilha de Ellis para ser inspeccionados antes de se lhes permitir a entrada nos USA. Uma história de sobras conhecida por todos (ainda que só seja por ter aparecido n'o Padrinho II). À maioria deles permitia-se-lhes entrar despois duns dias, mas a incerteza e os tests (médicos, psicológicos, legais) a que eram sometidos fazia da espera um transe angustioso. Aproveitei a minha recente estadia em Novánglia para visitar a ilha, onde lim o testemunho de Oreste Teglia, quem estivo retido em Ellis em 1916, com 13 anos. Lembrava-o assim em 1985:

"Davam-nos flocos de aveia para almorçar, e eu não sabia o que eram, levavam açúcar moreno, já sabes. Eu não me afazia a comé-los. Assim que os deixava na janela, para que os comeram os passaros."



domingo, 21 de junho de 2009

TV On The Radio (HOB, Boston, 4 de junho)

.
Regresso à House Of Blues, esta volta (si!) com a cámara de fotos disposta para inmortalizar o concerto de TV On The Radio. Abriam os seus vezinhos de Brooklyn, os Dirty Projectors, de quem não ouvira mais que alguns mp3 no seu myspace. De primeiras pareceram-me interessantes, uma banda ajeitada para telonear este concerto, por frescos e -até certo ponto- originais (esses toques africanos...). Mas ao vivo não me parecérom nada do outro mundo, e ao rematar a sua actuação a minha sensação era que nem fu nem fa.
.
Todinho o contrário que TV On The Radio, que levárom o seu direto a cotas de intensidade que nunca percibira nos seus discos. Começárom ao seu ritmo, sabedores de que o encontro durava 90 minutos e não podiam sair a matar desde o princípio; mas ainda assi ficou claro desde a primeira canção que jogavam numa categoria moi distinta à dos Dirty Projectors: a avalancha sónica que se nos vinha em cima era de campionato. Para quando atacárom o tema de apertura de Dear Science (2008), "Halfway Home" (pa-pa-ra-pa-pa-pa-pa-ra-pa-pa), o concerto estourou definitivamente. Seguirom com uma visita ao anterior Return to cookie mountain (2006), esse tralhazo que é "Wolf like me", talvez um dos melhores singles de rock da década. Despois, como não sempre se pode ir cara arribe, deixárom-nos respirar um momento com o soul de "Crying"...

Adebimpe

A banda funcionava como um motor perfectamente engraxado; seria difícil destacar a algum membro, se não fora porque é impossível não fixar-se em Tunde Adebimpe, o cantante-teclista: como vocalista é moi bom, mas de presença vai sobrado. Que forma de mover-se e de mover-nos a todos! Mas claro, estão também às guitarras Sitek e de Kyp Malone (o inconfundível barbudo com quem, casualmente, me cruzara umas semanas antes polas ruas de Brooklyn); e que dizer da seção rítmica...

Bises junto a Dirty Projectors

Soárom também "DLZ" ou "Dirty Whirl", e não se esquecérom de visitar o Desperate youth, blood thirsty babes (2004) com "Staring at the sun". E completárom um concerto sobresaínte deixando para os bises uma das minhas favoritas, a fermosa "Family Tree" (We're hanging in the shadow of your family tree / Your haunted heart and me / Brought down by an old idea whose time has come / And in the shadow of the gallows of your family tree / There's a hundred hearts soar free / Pumping blood to the roots of evil to keep them young). Insisto: tremendos.

sábado, 13 de junho de 2009

Matthew Day Jackson: The Lower 48

Na série "The Lower 48", Matthew Day Jackson visitou 48 estados fotografiando rochas antropomórficas, com um resultado francamente arvorícola (lembra por vezes a Swamp Thing). O resto da sua obra tem pouco a ver por isto, mas polo que pudem ver na expo do MIT List Visual Arts Center, é igualmente interessante. Para comprová-lo, recomendo visitar a primeira ligação, à galeria Saatchi.