Para a minha primeira noite de concertos em Novánglia, nada melhor que acudir ao que os leitores de The Boston Phoenix consideram a melhor sala de rock de Boston e arredores: o Middle East. Cómpre sinalar que fôrom vencedores também nas categorias de "melhor local de Hip Hop", "melhor cozinha oriental" (!), e "porteiros mais tatuados" (!!). E é que é um sítio bem curioso, se o vemos com olhos europeus: conta com espaços que funcionam como restaurante, bar, e local de concertos (com 2 ambientes diferentes). Não é que lhe pense sacar moito partido ao do restaurante (é caro de mais para cear ali por sistema de passo que vas ver um concerto; melhor uma hamburguesa no Wendy's que está ao lado), mas si que lho penso sacar à sala de concertos, pois ademais de ter uma variada e selecta programação, está a apenas 15 minutos andando da minha casa.
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Assi que ali fum onte, sábado 18 de abril, disposto a desfrutar duma boa ração de garage-rock cozinhada por The Coffin Lids, The Nouvellas, The Lyres e The Fleshtones. Si, lestes bem: os Lyres e os Fleshtones, duma tacada...! e todo por tão só $10!! Não me explico como o sítio não se encheu (e isso que o cenário Upstairs é um simple tugúrio, nom mais grande do que a Fábrica de Chocolate -para que me entendam os de Vigo- ou o Mardi Gras -para os da Crunha), e é que não eramos ali mais de 100 persoas (!)... o único, que o público local esteja farto já de ver a estes grupos, que seguramente tenhem tocado dúzias de vezes por aqui. Por certo, não se podia fumar, e ainda assi os menores de 18 não podiam entrar -será por medo a que o rock'n'roll pervirta os rapazes? Manda caralho! Enfim, imos ao que nos importa:
9.15 p.m. THE COFFIN LIDS
Abrírom fogo os Coffin Lids, uma banda local que se define como "sour mash garage trash", mas que poderiamos catalogar mais brevemente como punkabilly. Velocidade, guitarras tocadas à altura dos jeonlhos e amplo surtido de tatuages. Nada do outro mundo, mas cumprírom com a sua função, que era fazer-nos entrar em calor.
10.15 p.m. THE NOUVELLAS
Mais interessantes resultárom The Nouvellas, banda neoiorquina que dava o seu primeiro concerto fora da Grande Maçã e que poderia chegar a dar que falar. Tocam um rock retro com aires soul/funk e tenhem boas canções, como o seu single "Satisfied": vede o vídeo e já me diredes se não deveria ser um pequeno hit... especialmente se estivéssemos em 1973. E o de ter como vocalistas a duas rapazinhas dá-lhes um toque diferente (para bem).
11.15 p.m. THE LYRES
Até o de agora todo bem, mas não era para isto que vinhera... eu queria ver umas lendas vivas do garage em acção! Afortunadamente, não tivem queixa.
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"We're the Lyres and we don't mind if we're ahead of our time, we're gonna start playing now!"
Com essa frase deu ordem de começar o concerto Jeff "Monoman" Conolly, o legendário lider de The Lyres. Não se referia a que estes ilustres bostonianos sejam pioneiros em nada musicalmente falando, que é todo o contrário. Singelamente, começárom a tocar 5 minutos antes do horário pre-estabelecido! E é que polo visto a puntualidade aqui chega a estremos enfermiços, superando à do Vera... Enfim, se alguém chegou tarde, má sorte para el, porque se perdeu o melhor do concerto: um começo apabulhante com "Don't give it up now", a peça com a que se abria a sua obra mestra, o LP "On Fyre" (1984), convertida no hino desta banda.
Não é que o show decaísse de aí em adiante; em absoluto. A magnética presença de Jeff, parapetado detrás dum órgano posto em primeirísimo plano, chega e sobra para encher o escenário: que cacho frontman! Vacilando todo o tempo entre canção e canção, mas sem chegar a esboçar nem médio sorriso, ponhendo e quitando os lentes de sol, preguntando-lhes aos músicos o que queriam tocar... mas isso por suposto não é o principal, senão o domínio que tem este grupo dos códigos do rock'n'roll, algo do que podem dar uma autêntica lição. Até o ponto de que, quando o concerto tocava ao seu fim, eu estava a piques de coroá-los de forma antecipada como vencedores da noite e preguntava-me se The Fleshtones seriam capazes de chegar à sua altura. Coitado de mim...
12.15 a.m. THE FLESHTONES
Senhoras e senhores, se estão sentados ponham-se em pé. Um respeito, porque isto são palavras maiores: "The Fleshtones! Real live rock'n'roll... in person!!" Isto, ou algo parecido, é o que berrava Peter Zaremba a duas quartas da minha cara, a pouco de começar o concerto, misturado já entre o público. Com efeito, nunca mais sentido cobrou a expressom "in person". The Fleshtones já começam o show quase pendurados sobre as primeiras filas, falam de ti a ti com o público, abraçam-se a eles, baixam um micro do escenário e deixa-no ali para que a gente faga os coros, componhem toda classe de coreografias, dam patadas ao ar... e todo isto sem deixar de produzir um remuínho de r'n'r capaz de pôr a bailar a todos os que ficárom estáticos durante os concertos anteriores.
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Que almorçarão estes tios? Zaremba tem 55 anos, mas quem me dera estar assi quando cumpra os 40! Juro que num momento dado chegou a ponher-se a fazer flexões no meio do público (lembrai que a banda nom para de tocar nunca)... mas se o pensas é normal: este tio está posuido, é incapaz de estar parado, e de algum jeito tem que soltar a energia que lhe sobra. Terá algo que ver o de ser de Queens, como os Ramones? Algo deveu passar por ali a mediados dos '70...
Que tal se lhe pedimos a Jeff, dos Lyres, que suba a tocar o órgano com nós? E Jeff sobe, claro. Que tal se fazemos a pirámide, com Keith Streng subido em riba de Zaremba e Ken Fox (ver foto em baixo)?
Que tal se colhemos todos os instrumentos, bombo incluido, e percorremos o garito a ver que atopamos? (os que não estivestes ali, podedes alviscar algo parecido neste video de "I'm not a sissie anymore" -por certo, vaia temazo- a partires do 1:40, mália que com bastante má qualidade de som. Para algo mais parecido em intensidade ao que estes são capazes de fazer, ver este outro, sem desperdício -deve ser de hai mais de 25 anos, mas os pavos seguem igual, devérom beber o mesmo elixir que Iggy Pop).
Enfim, obrigado, Peter Zaremba, por lembrar-nos que estamos, como ti dis, em "the hidden capital of rock'n'roll, Boston Massachusetts", e por fazer-no-lo crer (quem nom o creria, vivindo o que se estava a viver ali)? A questão é que a capital do r'n'r, amigos, é qualquer garito onde toquem The Fleshtones. Isto é o que vim, e nom podo mentir. O ano passado Man Man, The Mars Volta e Gogol Bordello subírom ao meu pódio de concertos em Arbolícia. Este ano o listão não vai baixar, está claro...
7 comentários:
Los hay con suerte !!!!!
Un abrazo y gracias por compartir experiencias !!!!
Por cierto, mi abuelo era de Pontevedra aunque apenas he visitado 3 veces la ciudad.
Graças a ti, Scott St. James, por comentar... e também por compartir experiências no teu blog (que penso visitar bastante e animo aos leitores de Arbolícia a fazer o mesmo, vaia fonte de boa música!). Segue a predicar a palavra do rock'n'roll!
P.S. Parece que sempre hai um avó galego por aí metido... :-)
Esto ten pinta de ter sido unha "festa rachada".
Que envexa!!!
Eu tomén quero ir ao Middle East!!!
Gracias por comentar en mi espacio. Andamos de acuerdo con los Jacobites. Respecto a los Fleshtones, los vi en directo al menos en 4 ocasiones, la última hará más o menos 15 años. Joer, lo que ha llovido. Los más divertidos del mundo. Grandiosos. Un saludo.
Un saludo Wood, bienvenido por aquí y gracias por comentar. Después de ver a los Fleshtones en directo, no me extraña que tú los fueras a ver varias veces... vale la pena repetir! 100% good time music...
Mais fotos do evento, noutro blog:
http://wdoa.com/shows/FleshtonesME042009/fleshtonesme042009.html
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