segunda-feira, 11 de abril de 2011

Alienação suburbana

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Estou a piques de rematar a minha segunda estadia em Calícia, concretamente na Beyéria. Alojo-me no mesmo sítio que o ano passado, um motel encravado nuns subúrbios onde vive a américa branca, rica, familiar e perfeita: jovens profissionais de êxito que vivem em casas rodeadas de fermosos jardins, como as das séries, sem valados nem reixas nas fiestras... os cartazes avisando de que avisarão à policia em quanto vejam o primeiro desconhecido sospeitoso são a outra cara da moeda, suponho. Mas, hey, é normal. Como é normal que não haja nengum branco desempenhando trabalhos de baixa qualificação: camareiros, limpadores, porteiros... para que criou deus senão os latinos e os negros? Enfim, que bonitos são estes subúrbios onde uma casa vale de média dous milhões e a primavera loce em todo o seu esplendor, podes ver todas as tonalidades do verde nas plantas. O inferno para um alérgico, mas é reconfortante ver como os nenos jogam soccer nos parques, perfeitamente uniformados com equipações impolutas. Podes apostar o teu iPad 2 a que nunca sairá um Messi de aqui, mas nunca lhes faltará de nada. É, enfim, uma variante do escenário ao que cantam Arcade Fire no seu último disco, The Suburbs. Como em "The Sprawl II", uma das melhores canções publicadas o 2010, musicalmente uma posta ao dia do "Heart of Glass" de Blondie, e liricamente... o que estou a dizer:


(...) Às vezes pregunto-me, se o mundo é tão cativo, poderemos sair algum dia do extrarrádio? Viver no extrarrádio... os centros comerciais mortos alçam-se como montanhas detrás das montanhas. E não hai final à vista. Necessito a escuridade, que alguém apague as luzes por favor. Fomos em bici ao parque mais cercano, sentamos baixo os colúmpios e bicamo-nos na escuridade. Protegemos os olhos das luzes da policia. Escapamos, mas não sabemos por que. (...)

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