A noite seguinte a Baby Dee tocava voltar ao Vera para um concerto agardado desde vários meses atrás. Em concreto desde que Moi descubriu um combo de Philadelphia posuidor dum direto -polo que se podia intuir em YouTube- formidável: os Man Man.
O chiste era doado de mais para deixá-lo passar...
(Precisamente por serem umha descoberta do Moi pareceu apropiado devolver-lhe o favor e combinar com Kunny para mercar-lhe um par de posters da sua autoria: o deste mesmo concerto e outro de Okkervil River. Curioso, por certo, o que tenhem montado no Vera com o tema posters, é umha autêntica comuna artística! Mas nom nos desviemos do tema, engadamos simplemente que Kunny, ao contrário do que agardavamos com a nossa mentalidade machista, é umha tia, e vaiamos ao que importa, a música).
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Claro que temos um problema: como descrever um concerto de Man Man? Difícil tarefa... empreguemos o mesmo método que seguem eles, e a ver que passa.
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De entrada já todo atípico. Bateria fronte a teclado de esguelho ao público em primeiro plano. Escenário ateigado apenas sítio para os músicos.
Enseguida a loucura absoluta saltos acompasados (teclista/baterista p.ex.) pinturas de guerra todos vestidos de branco
Culheres plumas botando auga num bol para fazer ruído, perdom arte
Agitando chaves no ar com todo o público imitando
Asombrosos brutais geniais fam honor ao seu nome e tocam como homes nom como niñatos
Mais de 50 anos de r’n’r e aínda hai quem teima em levá-lo a outro nível
Trompetinhas para nenos joguetes potas
Leva razom Alberto, estes estám posuídos e daria-lhes igual o rock que a caça do javarim, pero nom me gustaria ser javarim nesse caso.
Arrebatos Faith No More disfrazes circo berrando aqui hai espectáculo pero é cousa séria ou todo brincadeira? puro rock impuro
Como um Tom Waits com 60 anos menos sabendo o mesmo que agora
Baqueteando o ombreiro dum espectador guindando-se serpes de plástico entre eles sempre dando chimpos
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Paixom e anarquia para menos de cem persoas e por 7 €.
Man Man, por dizi-lo em 2 palavras: bu-ah! Se tocam perto da tua cidade, vai-nos ver; nom importa o preço da entrada: é barata. O concerto do ano, polo de agora.
E que estes tios com 3 discos às costas (o primeiro no 2004) nos passaram despercibidos… claro que é certo que os seus discos nom oferecem nem a metade do que dam ao vivo, pero aínda assi. Enfim, o mundo adoita ser mais rico do que esperamos. Afortunadamente.
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P.S. Ao rematar comprei o seu primeiro disco e umha bolsa com o seu logo, felicitei ao cantante e saquei-me umha foto com el... em ocasiões assi hai que cumprir com todo o ritual!
Íntimo e breve, assi foi o concerto de Baby Dee. Apenas 50 persoas entre o público e 2 no escenário, a própia Dee e um violinista (bom, nom era um violino, era este instrumento que é parecido, algo mais grande pero sem chegar a contrabaixo... viola quiçais?).
Já desde a entrada, o mais anti-star que se poida imaginar (de vagar, coxeando, apoiada num caxato) ficou claro que o direto de Baby Dee é algo especial. Foi sentar ao piano e começar a cantar e a tocar, e a impressom confirmou-se. É umha artista à que os discos nom lhe fam justiça, hai que ve-la ao vivo. Ver como interpreta (porque é algo mais que cantar), percibir as variações da sua voz, os gestos, as caras. Ou os seus comentários, como aquel no que contou a sua forma de romper o gelo quando entra num bar desconhecido: "A quem lha tenho que chupar para que me invite a umha copa?". Hai que dizer que era apenas umha brincadeira para pedir umha copa de whiskey com gelo, que enseguida lhe trouxérom.
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Só numha ocasiom abandonou o piano para dirigir-se, lenta e trabalhosamente, à harpa. Sentou-se a carom nela, tirou as botas (o que lhe deu pé a avergonhar-se publicamente de ter buratos nas médias) e interpretou umha única cançom, tras a qual veu umha fatigosa volta ao piano. Costa-lhe caminhar, isso está claro, e polo visto tamém sentar-se à harpa, pois nom quixo tocar mais canções com ela devido a que lhe doíam as costas.
E assi foi regalando-nos os temas do seu último disco, Safe inside the day (gustou-me especialmente o primeiro), para acabar com um único bis. Duraçom total: apenas umha hora. O dito, o bom, se breve, duas vezes bom, e por isso esta crónica remata aqui ;-)
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(Nom sei se noutra ocasiom, quiçais estando em melhor forma, fará um concerto mais longo. Em qualquer caso, se és dos que che parece que em disco está bem, mas nom é para tanto, recomendo que lhe deas a oportunidade de ve-la ao vivo. É outra cousa)
29 de maio de 2008, umha desconhecida banda americana recala no Vera. Nom é umha data que tenha marcada no calendário, mas visito o seu MySpace por curiosidade e as vibrações som boas. Dado que o concerto só vale 5 euros, decido dar-lhes umha oportunidade. Nom som o único, pero quase: apenas 40 persoas acudimos ali. E nom saímos decepcionados.
Os Evangelicals som de Norman, Oklahoma, como os Flaming Lips, pero tenhem idade para ser os seus filhos. Ambas cousas -a procedência e a idade- ficam patentes vendo-os ao vivo. A semelhança com os Lips é bastante clara, se bem nom é a maior influência: outros grupos como Animal Collective, sobretodo, e puntualmente a épica duns Arcade Fire, deixárom tanta ou mais pegada nestes rapazes. Porque isso é o que som, apenas uns rapazinhos -quase diria "niñatos"- jogando a ter umha banda e fazendo méritos para saír nas portadas das revistas guapas. Algo que queda claro ao ver a sua atitude no concerto: moita pose e olhadas ao fotógrafo para que os saque bem. Pero, olho! Isto nom é necesariamente malo, nem moito menos. Bem-vidas sejam as bandas com ambiçom e ganas de comer-se o mundo... especialmente se tenhem boas razões para elo.
E Evangelicals tenhem essas boas razões: tenhem o som apropiado, boas canções, atitude e juventude. Um cantante com vocaçom de estrela (e bastante pluma), que nom deixa que decaia a cousa em nengum momento, e detalhes curiosos como as fotos de tias ligeiras de roupa que adornam a bateria e o teclado -ao mais puro estilo talher mecánico, mágoa que as fotos saiam movidas e nom se distinga. Umha curiosidade: dá-me a sensaçom de que estes escoitárom muito heavy. Ou isso parece se nos fiamos de certos arrebatos que lhes dam em direto, ou nas pintas do teclista.
Os arrebatos metaleiros quedam bem ao vivo, mas no disco nom hai nem rastro deles. Refiro-me ao CD "The Evening Descends", umha pequena marabilha (merquei-no no mesmo concerto, ademais dum poster... que nom me regalárom... ratas) que pode ser um dos discos do 2008. Só hai que escoitar jóias como "Skeleton Man", "Midnight Vignette", "Party Crashin'", etc. Tenhem um anterior, "So Gone" (2006), que nom escoitei, pero que tenho entendido nom chega ao nível de "The Evening Descends".
Enfim, avisados quedades: Evangelicals MOLAM. Aproveitade para ve-los ou escoitá-los agora, e quando sejam famosos poderedes presumir disso.
Como a minha memória cada vez vai a peor (e o que lhe queda...), vou fazer resumo dos últimos concertos aos que fum. Nom todos respondem à etiqueta de "Nº 1 em Arbolícia" que leva este post -isso só o acadárom os Explosions in the sky, enormes-, pero quero deixar constância deles igualmente... nom vaia ser que dentro de pouco nom lembre te-los visto.
"Hello, we're Explosions In The Sky, from Texas, USA"
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On your knees, motherfuckers!
Vou começar polos que mais o merecem, os frikis de Austin (Vera Club, 14-maio). Uns velhos conhecidos tanto do público local groningiano como do vigués -graças ao SinSal que os trouxera fai uns aninhos-. Tinha a dúvida de como me iam sentar, agora que um já está médio de volta do rolho post-rock (mais aínda disfrutando-o). E sentárom moi bem. Neste tipo de concertos o peor que pode passar é que penses que che estám tomando o pelo, e isso nom aconteceu em nengum momento. Nom escatimárom nada da intensidade que se lhes supom, pero ademais acadárom altas cotas de emoçom. Esta banda segue a ser um espectáculo ao vivo, especialmente pola sua tendência a tocar axeonlhados. Algo digno de ver-se: o tio que na foto está à direita começa a baixar os braços e a dobrar o lombo cada vez mais, e os outros dous segue-no... e quando te das de conta já nom os ves, porque estám os três de xeonlhos, atacando com sanha as guitarras. O melhor é que nom parece impostado senom natural, estes vivem o seu rolho. Enfim, desfrutei do show, quiçais especialmente pois fazia pouco que escoitara os seus últimos discos e me causaram moi boa impressom. O emperador negro está morto, vivam as explosions no céu!
Eluvium, para isso melhor ficavas na casa
Como teloneiro actuou um fulano que ganha a friki a quem se ponha por diante: Eluvium. O melhor que podo dizer del é que tem moito gusto para as portadas, como se pode apreciar no seu MySpace. Polo demais, deve ser um ghicho moi sensível (e ademais tem um Mac), pero é um mistério para mim como consegue que alguém o contrate para dar concertos. Plano e aburrido, o tipo. E o de manipular os sons que el mesmo fai, em plan one-man-band... machinho, isso é difícil, que lhe saia ao de Final Fantasy nom quer dizer que todos o podam fazer bem. Nada do outro mundo, em resumo (e por certo, ao final do seu concerto deu-me uns dos baixons de tensiom mais ghrandes da minha vida, menos mal que o ar fresco e a birra fria me dérom forças para o 2º acto).
Sebadoh, segundons até a morte
30 de abril. Toda Holanda celebra o dia da raínha (um santeleko a escala nacional). E eu, que a noite anterior o passara de vício num par de concertos gratuítos na rua (dos que falo algo mais adiante), prometo-mas moi felizes porque tenho entrada para ver a um das lendas do underground americano: Sebadoh.
Tenho que admitir que nunca me chamárom demasiado a atençom. Via-os como um grupo de segunda com respecto a Dinosaur Jr., o qual já nunca me pareceu que chegasse ao máximo nível que si acadárom outros grupetes americanos da sua época (ali estavam REM, Pixies, Sonic Youth, mesmo Hüsker Dü). A pesar disso ia com bom ánimo, baixara recentemente um par de discos seus (antes só tinha o mítico 7" de "Gimme indie rock", da minha época de comprar vinilos por correo) e ia com toda a predisposiçom a deixar-me convencer.
Pero... nada, nada de nada. Canções? Efectivamente: nunca as tivérom e seguem sem telas. Estilo? Desde sempre consistiu no rolho "nom sabemos tocar, haha, que graça, e ademais tocamos rock ruidoso sem mais nada... pero vimos do underground americano, olha pra lá!". E tristemente seguem igual. Sentido do humor? Nengum, mesmo pareciam médio cabreados com o público.
Viu-se claramente que o seu único hit (em 20 anos de carreira!) foi o mencionado "Gimme indie rock", que deixárom para o bis. E nom é que seja um temazo, é mais que nada a brincadeira...
Enfim: Lou Barlow, retira-te já!
A noite anterior ao dia da raínha: festa!!!
Pois si. Fora de casualidade e resulta que, na praça do mercado, havia concertos gratis a punta pala... e nada mais chegar escoito ao longe uns sons como da Oyster Band. Achego-me e... um peazo banda destas que imitam o legado dos Pogues (benditos sejades, meus), em plena actuaçom!
Os tipos em questom chamam-se Scrum e recomendo-os encarecidamente. Desgraçadamente nom tenho fotos em condições, pero podedes ve-los tocando umha salvage versom de "Amazing Grace" no seguinte vídeo.
Tocárom "Auld Lang Syne", a "Worker's Song" dos Dropkick Murphys -da que já falaramos aqui-, a cançom irlandesa que Motor Perkins versioneam como "Rosa dos Ventos" -nom me apetece buscar mais info sobre ela agora-, e creo lembrar que "Streams of Whiskey" dos Pogues. Um espectáculo brutal, esta gente si sabe fazer festa. Só por ver ao cantante -sempre com a saia escocesa, of course- cuspir augardente a um facho para lançar lume, já vale a pena ve-los. Pero nom só por isso, olho.
Juro que nom é que o alcool me estrague o sentido crítico: nom bebera moito, e ademais a prova é que o seguinte grupo me pareceu umha merda (o típico grupinho de versões horteras dos '80). Pero curiosamente o que veu despois tamém estivo moi bem: Big Shampoo & the Hairstylers, umha banda neerlandesa moi interessante. Fam maiormente revival r'n'b, boa música dos '40-'50. Tenhem umha amplíssima secçom de vento, coristas, vam vestidos de época e o cantante leva tupé, que mais podes pedir? Pois algumha originalidade... como de feito fixérom: i é que no médio do concerto passárom, durante um par de temas, do r'n'b de fai 50 anos ao de agora, com as duas coristas fazendo de Beyoncé. Nom lhes quedou demasiado bem -faltava-lhes voz-, pero foi abnondo pra deixar-nos com a boca aberta.
O dia das letras galegas, com Shantel em Hamburgo
Caminhava eu por Hamburgo com Pablo, cavilando em que fariamos essa noite (a anterior já fixeramos o percorrido de rigor pola Reeperbahn, isso si, só alcool, nada de outros vícios), quando vimos um cartel anunciando umha sessiom do Shantel. "Pois este tio tem certa graça... conhece-lo?" "Si, pode estar bem", "venha, imos".
Sem luz: cool...
E ali fumos. Nom lembro o nome do garito, pero creo que a entrada eram 8 €... e o que si lembro é o horário: ia começar às 11, pero como isto nom é Planícia, nom o fixo até as 12... e ali estivo, pinchando até as 5 (ou mais: a essa hora piramo-nos porque abria o Fischmarkt, pero o tio seguia). Tamém lembro a cantidade de vodkas com redbull que traguei (nom havia maneira: pedia-lo com limom ou outra cousa e os camaretas, venha a ponher-lhe red bull); que fôrom moitos pero claro, destes cubatas "europeus" podes tomar 10 que dá igual, som 95 % refresco. O sítio, por outra banda, estava cheo, nota-se que aqui a gente le o rockdelux e já sabe que o tio foi escolhido "DJ do ano" ;-)
... e com luz (nunca acendas a luz!): panda borrachos...
E como foi o rolho? Pois para mim, OK mais um chisco decepcionante. Passei-no bem, pero esperava mais. Mais festa: já sabia que o de Shantel nom som os virtuosismos com os platos, que se limita a ponher cousas pregravadas e punto. E tal qual, pero é que nom "compensou" isso com umha sessiom rompepistas. Moito "Disko partizani" (deveu soar 3 ou 4 vezes mínimo) e moito "Disco boy", e... pouco mais. O tio, bastante frio, apesar de permitir que a gente subisse com el ao escenário.
Tinha que passar-se por qualquer verbena d'a nossa terra pra ver o que é montar festa... meu deus, já pareço Pérez Varela... ou Henrique Tello... argh!
Esta noite volvo ao redil, ao Vera. Tenho entrada para ver a uns tipos que acabo de conhecer esta tarde... e... mmm... tenho que morder a língua para nom dizi-lo pero... poderiam ser os próximos Anim... melhor nom digo nada e espero a ve-los. Proximamente em Arbolícia: Evangelicals. .
Moita gente em Planícia escolhe a vida a bordo, já seja num barco ou numha autêntica casa flotante. Aqui recolho vários, os três primeiros estám em Leeuwarden (Frísia) e os demais em Gronigen.
Artigo de Víctor F. Freixanes publicado n'a Voz de Galicia, tempo atrás.
Van alá máis de vinte anos. Lembro ben aquelas primeiras eleccións democráticas do 77 nunha parroquia de Salvaterra de Miño, cos paisanos arremuiñados e un tanto confusos diante do grupo escolar, que é onde estaba a urna, e un cuarteto de gaitas tocando na esplanada. Seica o Concello puxera as gaitas. Polo aquel do acontecemento. Logo, os interventores das mesas mandaran retiralas, por se alguén entendía que era un xeito de condicionar o voto. A xente entraba no casetiño das papeletas coma nun confesionario. Talmente. Máis de unha ou dúas avemarías deberon rezarse alí dentro. Eu traballaba daquela na infantería do xornalismo, non sei se para "Teima" ou para "Informaciones", e cubría a primeira experiencia democrática na Galicia rural.
Había dous velliños que recordaban os días da República. El sobre todo. Viñan vestidos de domingo. Entraron no colexio coma nunha igrexa, saudaron, o home coa pucha na man e a camisa branca, moi branca, abotoada ata o pescozo, sen garabata, traxe escuro, moi alisado, de levar moito tempo no armario, e a muller cun pano na cabeza e unha chaqueta de lá, tamén moi limpa, un paso detrás del. Falaban baixiño, coma quen trae un tesouro escondido, e sentinlle dicir ó vello cando entrou ela na cabina: "Terma ben do papeliño".
Toda a liberdade nun papeliño. A liberdade e a razón da soberanía, que por primeira vez os recoñecía cidadáns, non súbditos, e lles abría (non sen contradiccións) as portas da contemporaneidade. A eles, que viñan de San Andrés de Uma e aínda non tiñan televisión. ¿Quen dixo que a Galicia rural era predemocrática? Ó saír do colexio, o paisano da pucha tirou do peto outro anaco de papel, este máis grande, case medio folio, amarelo e moi dobrado. Os xornalistas arremuiñámonos arredor. Alguén debe ter aínda as fotos. Era unha papeleta do plebiscito do Estatuto de Autonomía do 36, daquelas mesmas que utilizou González Fresco no monte para despedirse do mundo antes de que o cazaran a tiros polas gábeas. O vello traía a memoria no peto. Coma quen recupera nun instante todo o tempo perdido: corenta anos roubados, pero recuperados nun intre, a penas nun xesto. Cada vez que chaman a urnas, acórdome dos velliños aqueles de Salvaterra, que acaso xa non estean entre nós, e mais da festa das gaitas, e o sol de xuño nos tellados das casas, e a chispa nos ollos do paisano dicíndolle á muller: "Terma ben do papeliño".
Aqui em Planícia temos a sorte de contar com umha sala de concertos como é devido. Tanto no que se refire a aforo, sonoridade, e programaçom, o Vera ("club for the international pop underground") cumpre os requisitos mais exigentes. Abonda botar umha olhada á sua programaçom das vindeiras semanas/meses para se decatar: Sebadoh, Evangelista, Explosions in the Sky, Bishop Allen, Baby Dee, Drive-by Truckers, ou os hiperrecomendados por Moi, Man Man, som só alguns dos artistas que se passarám por aqui.
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Para abrir boca, fomos onte ao concerto de South San Gabriel + Centro-matic. Duas bandas, diredes, pero que va! Como é sabido, ambas som projectos de Will Johnson e, em realidade, poderia dizer-se que som o mesmo grupo, já que apenas muda um componente (polo menos assi foi no concerto de onte). O que nom quita para que sejam duas entidades musicalmente diferenciadas.
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South San Gabriel: a americana com americanas...
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Assi, na primeira parte do concerto (ao que cheguei 20 minutos sobre a hora e... já começara! A puntualidade planícia é abraiante) degustamos aos South San Gabriel, isto é, o lado máis elegante da americana. Músicos tocando sentados, todos de americana e camisa, e um toque mais "europeu" se se quer... até o punto de que o Will preguntou polo resultado do Barça-Manchester que se estava a jogar (e por suposto agradeceu-nos a nossa presença apesar de coincidir com esse evento). Eu, que nom os escoitara demasiado, quedei satisfeito: estes tipos nom levarám o género mais alá, pero bem paga a pena i-los ver a um concerto. Introspecciom, sensibilidade, saber fazer e a voz de Will Johnson som argumentos suficientes. Se nom os conhecedes, recomendo-vos a cançom "I feel too young to die", do LP "The Carlton Chronicles". Das poucas que se me quedárom gravadas nos primeiros 45 minutos.
... e Centro-matic, a americana rockeira
E na segunda parte quitárom as americanas, o Will Johnson puxo umha gorra e afanárom-se em demostrar que, si, as mariconadas decadentes estám moi bem, pero a fim de contas eles som de Texas. E portanto procede escoitar algo de rockandroll. Sem decantar-me a priori por nengum dos dous estilos, tenho que dizer que foi esta parte a que mais me gustou. Um rolho country-pop-rock, ao Wilco, que conseguiu as maiores cotas de emociom ao pouco de começar e mantivo-as durante quase meia hora.
Cara o final o concerto virou umha mestura das duas vertentes. Will Johnson sacava tempo para longas parrafadas nas que, por exemplo, explicava o significado de "homeslice" -palavra que lhe deve gustar moito, pois já a atopei nalgumha entrevista sua-, ou para fazer um montom de bromas privadas sobre o loiro do grupo. Um tipo adorável, este Will, em sério. E assi, tras um último bis e redobrados agradecementos pola sua parte, rematou o concerto, e nós bem satisfeitos da primeira experiência no Vera, que nom será a derradeira.
Estou passando umha temporada longe de Arbolícia, num planeta bem mais estranho que chamamos Planícia. Aqui todo é umha inmensa chaira, tanto na costa como no interior. E porém, os planíferos nom som tam diferentes dos arvorícolas. Vou-vos amosar algumhas cousas que me atopo por aqui. Começamos com Schiermonnikoog.
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Este bonito nome corresponde a umha das ilhas frísias occidentais. Situadas entre o mar do norte e o Waddenze, presentam a particularidade da pouca profundidade das suas augas -o que fai que os barcos tenham que virar entre bancos de area para chegar a elas. Isto produz umhas praias inmensas, kilométricas, paraíso das aves e outros bechos.
O Waddenze, de caminho à ilha.
A praia, em perspectiva
. Toda a ilha é um parque natural, e está prohibido acceder em vehículos de motor. Mais está habitada: milheiros de passaros e humanos convivem bastante bem. Os planíferos de Schiermonnikoog ocupam-se principalmente na agricultura e no turismo.
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Estranhas formas... de vida? inertes?
A praia...
... dixem já que era grande?
Tamém pescam, claro está.
As dunas som a paisage típica...
... e nom falta a auga
Som ninhos ou parásitos?
Se eu fora paxaro, tamém pararia por aqui na minha migraçom.
Fazia moito tempo que nom me passava isto: escoitar um disco por primeira vez e, ao acabar, repassar a lista de canções e lembrar-me de quase todas como “temazos”. É algo moi, moi inusual, desgraçadamente –sobre todo para mim, que estaria disposto a pagar moito por essa sensaçom.
E o curioso é que isto nom me aconteceu com o último de R.E.M., nem com outros que escoitei ultimamente de gente como Björk, Eric Dolphy, Jeff Buckley, the Byrds, Kinks, Moby Grape, Zombies, “My life in the bush of ghosts” de Eno & Byrne, Peter Tosh, Massive Attack, Fela Kuti, The Mars Volta, Scout Niblett… todos eles bós discos, sem dúvida, e alguns deles mesmo moi grandes. Mas nom me causárom esse efecto (o "Angel Dust" de Faith No More e o de Vampire Weekend estivérom cerca), e esse efecto, meus amigos, só se pode causar a primeira vez.
Estou falando dum disco que o tem todo: canções, interpretaçom, estilo, encanto. Esse disco, que veu a mim de casualidade, como sem querer, é o “Don’t try this at home” de Billy Bragg. Originalmente publicado em 1991, foi reeditado fai um par de anos com um 2º CD de extras. É precisamente essa ediçom a que merquei numha das excelentes tendas de música de Planícia (si, aínda nom dixem nada, pero estou passando umha temporada exilado: deica logo Arbolícia, ola Planícia), por só 8.90 €. Escolhim-no basicamente porque tinha “Sexuality”, a única cançom de Billy Bragg que conhecia. Eu preferia mercar o “Brewing up with Billy Bragg” que seica está considerado um dos seus melhores discos, mas nom o tinham. E tenho que agradecer à fortuna que fosse assi, já que assi pudem conhecer este.
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Suponho que vos soará o nome de Billy Bragg, mas suponho tamém que nom estaredes demasiado familiarizados com el. Trata-se do clássico inglês com consciência de classe (graças a Marx, em Inglaterra a classe obreira aínda conserva a noçom de que nom todos somos iguais; o de ter cámara dos lords seguramente ajuda), com pinta de boa gente e predilecçom por Woody Guthrie. Nos oitenta argalhou o da Red Wedge, a plataforma de músicos contra Thatcher, que tivo o éxito que acostumam ter estas iniciativas: zero.
Ao igual que os grandes mestres, o Billy toca temas políticos e persoais com igual capazidade de conmover. Como bom filho da Grande Bretanha, os seus temas favoritos som o futebol, o sexo, as histórias cotiás, a política. A miúdo todo junto.
E musicalmente?
Pois aqui começamos com o que realmente importa. E é que estamos falando dumha época e dumha mentalidade na que, se nom tinhas umha boa cançom, nom a metias num disco. E por isso neste disco hai pop de estribilhos perfectos, guitarras, baladas folkis… diferentes estilos, pero sempre grandes temas. E todos eles unificados pola moi reconhecível voz de Billy Bragg, assi como polo seu moi característico sotaque.
Nom vou repasar todo o disco cançom a cançom, seria longo de mais. Assi que simplemente vou dizer que o principal deste disco é: 1) Está ateigado de boas canções (creo que isto já o deixei claro), 2) Está bem gravado e interpretado, e 3) Aparte dos vímbios, tem algo mais: esse chisco de mágia que distingue as grandes obras, e que se che queda pegado durante um tempo.
E ademais disso, vou salientar 3 canções:
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Em primeiro lugar, como nom, “Sexuality”. Umha das mais perfectas canções do pop de todos os tempos, dessas onde um desejaria viver toda a vida se puidera parar o tempo. Hilarante e genial. Ah, com Johnny Marr à guitarra e com (cabaleiros, ergam os seus puchos) a adorável Kirsty McColl (R.I.P.) aos coros. Desfrutade-a neste video, e atentos à sua "pronunsiaishion". E... joder... como se pode fazer um verso tam chulo cumha frase como "tinha um tio que jogou para o Estrela Vermelha de Belgrado"?
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Cambiamos de estilo. “Everywhere” poderia passar por um tema de Eric Bogle, já que tem um aire a “Waltzing Matilda” ou “My Youngest Son Came Home Today”, himnos antibélicos desse atípico cantautor escocés/australiano. E, mália que nom o é, consegue causar o mesmo efecto, o que é moito dizer. Mas em realidade está escrita por um tal Greg Trooper e por Sid Griffin (si, o dos Long Ryders). A história dos dous amigos, um gringo e um japonés, é conmovedora.
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Finalmente, “North Sea Bubble”, outro tema com feituras de himno, que se che pega instantanemente e fai-che repetir mentalmente todo o tempo “we’re living in a north sea bubble"... ou nom tenho razom?
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E nom podia rematar sem antes comentar o segundo CD com os extras, basicamente de maquetas. Hai de todo, incluída umha acelerada versom do "Revolution" dos Beatles, pero hai que destacar umha marabilha que vale por si soa um disco: “Bread and Circuses”, composta e interpretada a médias com Natalie Merchant (10.000 Maniacs). Alta Emoçom Acústica.