sábado, 5 de dezembro de 2015

Primeiras impressões de Oxônia




Vista desde o meu despacho na universidade. Bonita é, ainda que tem o inconveniente de que é olhar para fora e dar ganas de deixar de trabalhar e ir fazer footing polo parque.

Depois de Planícia, Novánglia e Beyéria, chega o primeiro informe sobre a seguinte estadia extraplanetária, esta vez em Oxônia (evidentemente nom procedeu fazê-lo de Bracalândia, pois strictu senso nom é um planeta, senom apenas o hemisfério Sul de Arbolícia).








O Eagle and Child é um pub  relativamente novo (data de 1650 nada mais) onde adoitavam combinar JRR Tolkien, CS Lewis e outros frikis para falar de elfos e essas cousas. Aqui é onde Tolkien lhes lia aos seus coleguis (conhecidos como os Inklings) o que ia escrevendo. Conhece-se que eram amigos um pouco falsos porque ninguém lhe dixo à cara: "olha, J.R., isto do Senhor dos Aneis está bem, mas nom dá para 3 livros; escreve um e aforra as descrições intermináveis. Ah, e ao fazeres testamento deixa bem clarinho que se algumha vez fam umha película, nom se carguem a Tom Bombadil, por amor de deus!".


Si, é a minha bici (alugada). E si, seguem a existir essas cabinas de teléfono.






Algumhas imagens de High Street, umha das ruas principais. A primeira lembra ao quadro de Turner, nomsi? Ainda que nom está sacada desde o mesmo sítio exatamente, haverá cem metros de diferença ou assi. A memória nom é perfeita, que lhe imos fazer.


A rua da lógica! Nom é um nome estupendo?


O Ashmolean seica é o museu mais antigo do mundo. Tampouco é tam velho, é de 1683; nesta cidade hai vários pubs que lhe sacam uns quantos anos. Gente sensata, preocupava-se de arranjar primeiro o importante.



O Turf Tavern é outro pub do século XVII, e nota-se porque os edifícios onde está som realmente vetustos ("com encanto", que se di--e abofé que neste caso é certo). Atendem rápido, o fish & chips está bom, e tenhem umha boa selecçom de cask ales (ainda que tamém servem San Miguel, eles saberám por que). Aqui tenhem parado a tomar umha pinta desde Oscar Wilde a Stephen Hawking, passando por Liz Taylor. Si, vale, tamém Margaret Thatcher... som os riscos de nom reservar o direito de admissom.


Banbury Road pola manhã, quando vou de caminho ao choio. Por ponher umha soleada.


Pois isso, "New" College lane. A passagem elevada parece moi práctica, para quando chove.


 Um pouco de cor para rematar: Holywell Street.

sábado, 8 de agosto de 2015

Los Enemigos (Castrelos, Vigo, 01/08/2015)



Podría hacer daño el agua y no el licor 
Podrían los años no pasar factura al portador
Podría ser, pero no

Começárom Los Enemigos empalmando “Brindis” e “Esta mañana he vuelto al barrio”, duas canções que falam do passo do tempo, umha temática que tem especial significado a estas alturas. Penso que foi umha forma de falar às claras desde o começo, em lugar passar nas pontas dos pés sobre o feito de que, a fim de contas, som umha banda com 30 anos de existência e que já tivo umha falsa despedida dos escenários hai umha década. Tampouco é que o passo do tempo lhes tenha sentado mal: Josele Santiago e Fino Onoyarte, ataviados com trajes negros, Manolo Benitez com o seu uniforme indefectível (gorra, gafas de sol, camiseta e vaqueiros) e Chema ‘Animal’ Pérez, parapetado trás a bateria, mantenhem um bom tipo, nom se lhes apreçam bandulhos cervejeiros.

Indo ao musical, que esta nom é umha crónica deportiva, o que importa para além de aparências físicas é que foi um concerto sem tacha, que soárom como mínimo tam bem como sempre, e que nom creo que ninguém se fora defraudado. Sendo sinceros, agradeceu-se que renunciaram a apresentar polo miúdo o seu último disco, o disque discreto (admito que nem o ouvim) “Vida inteligente”, que visitárom só em contadas ocasiões. E que se dedicaram em troques a repassar o seu extenso e viçoso repertório clássico, desde o seu disco de debut (aquel “Ferpectamente” de 1986 de onde resgatárom “Complejo”) ao que foi durante um tempo o seu canto de cisne, o LP “Nada” de 1999. Falando de memória, coido que tocárom canções de todos eles com a única exceçom de “Sursum corda”, que de todos os jeitos era umha colecçom de descartes (dado que acabo de ler mentres escrevo isto, por certo). Nom faltárom na seleçom clássicos inevitáveis como “Septiembre”, “Desde el jergón” ou “John Wayne”, este último dedicado aos recentemente falecidos Javier Krahe e José Sazatornil. Temas infalíveis que fôrom coreados massivamente polos assistentes, nom podia ser de outro jeito, ainda que felizmente a voz de Josele estava bem sonorizada e pudemos ouvir as letras da sua boca. Tamém ajudou a isso que nom houvo cheio de público em Castrelos nem muito menos, apesar do reduzido preço das entradas, apenas 6 €.


"Como quien dice aquí al lado... no amanece ni pa' Dios!"

Soárom tamém, entre outras, “Yo, el rey”, “Soy un ser humano”, o “Señora” de Serrat e umha das minhas favoritas, “An-tonio”, a cançom dos mares do Sul. Como de costume, estivérom intensos no musical e cordiais e comedidos ao se dirigir ao público, com a cumplicidade dos velhos amigos entre os quais nom se precisam longas explicações. A fim de contas, mália serem de Madrid Los Enemigos jogam na casa quando venhem a Galiza. E reservárom para os bises duas baças seguras: a primeira, umha velha cançom que por motivos óbvios é um himno em Vigo, “¿No amanece em Bouzas?”, a lembrança de umha noite de cogomelos alucinógenos com Siniestro Total que provocou a catarse coletiva. E a segunda, “La cuenta atrás”, outra cançom sobre o passo do tempo como as que abriram o concerto—feche de círculo premeditado, ou casualidade? Botando a vista atrás, a primeira vez que escoitei “La cuenta atrás” foi na adolescência e era fácil identificar-me com o que contava, o passo do mundo dos jogos infantis ao das exigências e responsabilidades da vida dos adultos. Vinte anos depois a cançom segue a tocar-me a fibra, ainda que agora desde o ponto de vista oposto: agora toca pôr-me na pel do narrador que olha ao seu filho e lamenta,

Debes ganar, y pisa fuerte, hay que impresionar
Vas a flipar, tendrás que ser mejor que los demás
Qué solo estás, mi queridísimo hijo, mi chaval…

O tempo passa por todos nós, mádia leva, mas polo que se vê, bastante mais por mim que polos Enemigos. Que sigam assi por muitos anos, e eu que os veja. Brindemos...

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Entre Louro e o Pindo

Entre as duas postagens anteriores em Arbolícia transcorreram 6 meses; entre esta e a que a precedeu, quase um ano. Com efeito, a freqüência com que publico aqui diminui inexoravelmente, o que nom é nengumha novidade. Assim as cousas, qualquer entrada pode ser a derradeira. E está bem que seja assim, já ninguém escreve blogues hoje, e ainda menos gente os lê, suponho. E desde logo, se o que um quer é compartir fotos, hai dúzias de formas mehores de fazê-lo! Mas em qualquer caso, vou prolongar a agonia polo menos um ano mais: eis algumhas imagens tiradas na passada quinzena, na qual percorrim mais umha vez um cachinho de terra ao que lhe tenho especial apreço: a faixa costeira entre os montes sagrados do Pindo e o Louro (esta vez com parada na boca do rio da praia de Carnota). Terra de ninguém entre a Costa da Morte e as Rias Baixas, indómita e acolhedora, selvagem e viçosa, povoada por gente marinheira e labrega, aldeã e vilega, galegófona e deportivista. E onde está, ademais, o melhor chiringo do mundo... que nom vou mostrar aqui, nom vaia ser que se encha de fodechinchos. 



Boca do Rio (I)


Boca do Rio (II)

Boca do Rio (III)

Monte de Louro desde Sam Francisco


Monte de Louro e praia de Areia Maior


O núcleo de Louro desde o seu monte


Praia de Areia Maior e Lagoa das Xelfas


Monte Louro à luz da lua, baixo os carvalhos


Subida ao Pindo desde o Fieiro: pegadas do lume


O Pindo, fogar de deuses celtas e aranheira sem fim


Subindo ao Pindo


Encoro do Jalhas desde o Pindo


A Cova da Joana, no Pindo



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Outra volta polo Eume: do encoro à central da Ventureira


Depois de meio ano sem publicar nada, retomo o blogue com umha postagem "clássica": um percorrido polo Eume, um dos meus lugares prediletos. Já é a 6ª vez que o fago, e espero que nom seja a derradeira, porque ficam mil recantos por mostrar. Desta volta partimos da represa do encoro e fomos, sempre pola beira direita do rio, até a antiga central elétrica da Ventureira, hoje em desuso.

 O encoro

Árvores à beira do encoro

Augas abaixo da represa

 Montes vistos desde a canteira

Na canteira, com a fervença ao fondo

 Uces e lajes

Rocha-balea

 Restos do incéndio, canteira e encoro

 Baixando cara Teixido

 Canle em desuso

 Fervença na baixada à Ventureira

 A poça baixo a fervença

Arqueologia industrial (I)

 Arqueologia industrial (II)

 Já abaixo, acarom da central

 Central abandonada

As augas turquesas da central nova

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Dorian Wood em Vigo



Dorian Wood vem de somar-se à lista de artistas que me descobriu o Sinsal. O americano anda de gira de apresentaçom do seu terceiro disco, "Rattle Rattle", o primeiro que parece ter suscitado algum interesse. Mália nom conhecê-lo de nada, as comparações com gente como Tom Waits, Nick Cave, David Tibet (símil fora de lugar, ao meu ver) ou Antony Hegarty (suspeito que tam só por nom ser heterosexual), assim como a recomendaçom do Moi, conseguírom que lhe prestasse atençom. E como as canções suas que puidem escuitar confirmaram as boas críticas, decidim-me a i-lo ver ao auditório do concelho, o passado 23 de Janeiro. Foi uma boa decisom, já que assistim a um concerto especial, desses nos que o artista consegue meter-te no seu mundo íntimo e qualquer cousa que fai no escenário semelha cobrar especial sentido. Já desde o começo criou-se uma atmosfera recolhida, propícia para as suas canções, as quais adoitam ter um desenvolvimento imprevissível. Um exemplo: "Glasselalia", maravilhoso tema longo que vai e vem entre arrebatos instrumentais, para rematar num tour de force vocal entre el e ela que foi para mim o momento mais memorável da noite. Certamente trata-se duma música peculiar, que se move entre a calma e o tormento, a introspecçom melancólica e o exorcismo doloroso, e para a qual a qualificaçom de "mui persoal", freqüentemente absurda, resulta-me mui acaída. Um repertório quase sempre em inglês, salvo excepções como a cançom-fetiche "La cara infinita", tremenda, que repetiu em duas interpretações bem diferentes, escolhendo-a para fechar o concerto no bis. 

sábado, 14 de dezembro de 2013

Um país qualquer



No ano 2001 o selo fictício The Grass Is Blue Records lançava a sua primeira referência, um recopilatório de canções mais ou menos classificáveis como americana titulado Un Novo País. O ano seguinte saía a continuaçom, titulada Un Outro País (ou tambem, "un outro país é posible", ou mesmo "un outro país é posible alén da desolación"). Em 2006 saía a 3ª e até agora última entrega desta série, Um Velho País. Em total várias dúzias de artistas, dos quais apenas uns poucos entravam no canon do alt-country. E um corpus de temazos que evocam espaços abertos e corações encolhidos, nostálgias e ceus grises, abandonos e estradas feitas de promesas. Agora chega Um País Qualquer, mais outro catálogo de senhardades cantadas em voz baixa, perfeitas tanto para rematar a garrafa de whiskey acarom da lareira como para servir de companhia para umha viagem sem volta atrás. O inverno pode ser duro e solitário, assi que fazei um favor ao vosso pobre coraçom e descargai esta jóia nesta ligaçom.