Gente de Arbolícia 1: Um lar entre silveiras

Inauguro hoje a secçom de histórias, recolhidas da prensa ou conhecidas em primeira persoa, da gente de Arbolícia. Esta primeira podia-se atopar na Voz de Galicia do 3 de Fevereiro do 2006 e estava escrita por Bea Abelairas.

Atopam o cadáver dum “sem teito” de 45 anos com mordeduras de animálias

As autoridades sospeitam que levava días morto e que foi comido por ratas ou cães.

Vivia numha tenda de campanha na Corunha entre os matos, moi perto da estaçom de trem.

UM LAR ENTRE SILVEIRAS

O madrilenho Pedro V.L., que acabava de cumprir 45 anos, vivia em meio dumha silveira perto das vias do tren. Estivo de aniversário hai menos de três semanas. No dia 10 de janeiro alcançou os 45 anos e logo despois, morreu. Polo menos, isso pensam os agentes que onte encontrarom o seu corpo entre o mato que rodea as oficinas da estaçom de trem da Corunha. Estava começando a corromperse, e umha mão já tinha sido devorada polas alimárias.
É provável que nunca se saiba que animal tratou de comer o seu braço esquerdo. Pedro V.L. vivia numha barraca numha zona de ninguém que na cidade se conhece como o prolongamento da avenida da Sardinheira. Para chegar é preciso agachar-se e quase reptar por um passadiço vegetal seguindo um atalho que só leva ao lugar em que estava instalada a precária tenda de Pedro.
Entre as silvas vem-se moitos gatos e intue-se que os ratos campam comodamente. Só sorprende a finca de Pedro, onde hai esparramado todo o que colhe no quarto dum trintanheiro, pero tamém ordenado em cima de dous colchões: botes de iogurtes bebíveis com bífidus, umha botelha de whiskey Chivas, um boneco de Blas (o de Bairro Sésamo ), livros, discos, jornais e moitos isqueiros.
Pedro morreu tumbado, de lado, folheando a página 107 da revista Maxim presidida por dous titulares: «Ahora o nunca» e «Ya te gustaría a ti», sob os que posava umha guapa de televisiom. Tamém tinha moi perto umha escombreira de desperdícios na qual se acumulavam centos de botes de bebidas lácteas que fam pensar aos pesquisadores que Pedro levava meses vivendo à intempérie e que remexia nos contêineres dos supermercados. Para a Administraçom, o último domicílio deste madrilenho está em Cáceres.
Na Corunha fijo-se cum solar que até hai uns anos foi umha horta rodeada de froiteiras, mais que agora é um mar de zarças. «Parece imposible que alguien se internase por ahí dentro. Bueno, por lo menos, le daba el sol toda la mañana», razonava o residente dum edifício da zona.